Visto de uma forma despretensiosa e muito bem trabalhado, A Montanha dos Sete Abutres se torna não apenas um ótimo filme, que merece a atenção de todos, mas uma forte referência jornalística para quem admira ou deseja seguir carreira no meio.
[SINOPSE]Albuquerque, Novo México. O repórter veterano Charles Tatum (Kirk Douglas) foi despedido de 11 jornais, por 11 razões diversas. Ele está sem dinheiro, então pede a Jacob Q. Boot (Porter Hall), o dono do jornal local, que lhe dê um emprego e consegue. Seu plano era trabalhar ali no máximo dois meses, mas após um ano não surgiu nenhuma boa oportunidade nem aconteceu nada bem interessante que rendesse uma boa matéria. Tatum sente-se totalmente entediado e sem motivação, então recebe ordem para cobrir uma corrida de cascavéis. Aparentemente seria outra matéria sem o menor atrativo, mas ruma para o local acompanhado por Herbie Cook (Robert Arthur), um misto de auxiliar, motorista e fotógrafo. No meio do caminho param para abastecer o carro e Tatum acaba descobrindo que Leo Minosa (Richard Benedict) ficou preso em uma mina quando procurava por "relíquias indígenas". Tatum sente que esta reportagem pode ser a chance que ele esperava, mas para isto precisa ter controle da situação. Ele transforma o resgate de Leo em um assunto nacional, atraindo milhares de curiosos, cinegrafistas de noticiários e comentaristas de rádio, além de forçar Lorraine (Jan Sterling), a mulher de Leo, a se fazer passar como uma esposa arrasada. Na verdade ela ia abandonar Leo neste trágico momento, mas Tatum a fez ver que ela iria ganhar um bom dinheiro na sua lanchonete quando as pessoas chegassem para ver o acontecia. Para prolongar o circo Tatum reduz deliberadamente a velocidade do resgate de Leo, pois o ideal é que ele que preso por seis dias e não apenas por algumas horas.
O filme (feito em 1951) é de exímia qualidade. Ótimas atuações, excelente roteiro, boa direção e o melhor, uma carga moral estrondosa. “A Montanha...” tem em seu antro, levar ao público o que é o chamado Jornalismo Marrom, ou seja, fazer jornalismo exclusivamente para vender matérias, nem que para isso tenha de jogar sujo com todos que vivem ao redor de tal jornalista. O personagem principal, vivido por Kirk Douglas (em ótima forma de atuação), é um jornalista (que nem cursou a faculdade) que em meio a uma vida profissional onde a mesmice impera, encontra em uma simples oportunidade trágica, a chance de ser imortalizado com um show de matérias sensacionalistas e que o tornarão o principal nome do jornalismo nacional. É impressionante como o roteiro consegue passar que o que o Sr, Tatum (Douglas) faz, apesar de fabuloso, é errado, sem se tornar clichê. E se fosse feito hoje, o filme não fugiria de forma alguma da realidade.
O “jornalismo marrom” parece ter virado seguimento aqui no Brasil e em diversas partes do mundo. A quantidade de matérias sensacionalistas e cruéis que lemos e assistimos por aí, envergonha qualquer jornalista sério. No mercado, atualmente, o importante é vender, nem que para isso seja necessário maltratar alguém ou machucar de alguma forma. É até ruim citar certos exemplos, pois são tantos oportunistas, que a denominação de “abutres” (será por causa do filme?), não cairia melhor. Infelizmente, vencer por méritos próprios, esta se tornando cada dia mais raro. Acho que este filme é mais do que obrigatório a todos os admiradores do trabalho jornalístico. Poder de persuasão, oportunismo, falsidade, traição, mentiras são apenas alguns, entre tantos outros péssimos artifícios usados por Tantum no decorrer do filme. Infelizmente, por se tratar de um filme muito antigo, não será fácil encontra-lo, mas recomendo muito a quem tiver a oportunidade de assistir. E por meio dele, quem sabe caros colegas, tentemos alavancar o jornalismo honesto, que parece ter ficado preso ao passado.
NOTA: 10.0.
9 comentários:
que o diga "Jornal Nacional"....
pro Kirk Douglas estar no filme, deve ser bom mesmo!
É impressionante como alguns filmes ou livros de muitos anos atrás ainda conseguem retratar tão fielmente nosso presente.
Nunca assisti mas pelo título que já utiliza de recursos cabalísticos merecia um pouco mais de minha atenção.
Conheça
http://conhaquemelelimao.weblogger.com.br
Pô Diego, valeu pelo post! Parece que pra quem quer seguir carreira jornalistica, o filme é ótimo estudo. E o legal é ver que estreou há tanto tempo, e não mudou nada de lá pra ca.
abs
Diego, gostei muito do seu último post, "A Montanha dos Sete Abutres ( Ace in the Hole, 1951)". Sou formado em cinema e crítico blogueiro, de modo que meu olhar com relação aos filmes é mais voltada para a estrutura da realização, e menos para aspectos éticos e morais que as obras tratam. Neste sentido, acho muito feliz o seu comentário, pois trata o filme a partir de um território comum, problematizando a partir de seu poder de comoção. Além de tudo, sou filho de jornalistas, e, assim como você, tenho uma visão bastante crítica da atuação de alguns meios e profissionais.
ps: te recomendo a colocar os comentários em janelas pop-up, é mais amigável ao visitante.
Bom galera, essa foi a crítica mais comenatda ate hoje em meu blog. Obrigado. Realmente, o filme é excelente e merece a atenção de todos. E o melhor de tudo: foi feito há 56 anos. Bom é isso. E Davi, obrigado pela dica, meu blog esta em fase de mudança de layout, o que é já é bem difícil para mim, e tentarei seguir as dicas conforme anunciadas. abs!
bem escrito
deu vontade de saber mais....
agora uma dica
para fundo preto vc tem qeu usar outra letra..
o branco fica forte demais, da uma olhada no meu blog depois
tbem uso fundo preto.
gostei do blog! vou até anotar aqui para visitar de vez em quando, espero que volte em breve ao chá verde!
http://www.chaverde.wordpress.com
Eai...passei soh pra ver as novidades...parabéns pelo blog...bjo.
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