segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

Os 10 melhores álbuns de 2010

Em um ano favorável à musica, somos presenteados com clássicos (Arcade Fire), com novidades sonoras (These New Puritans) e re-nascimento de verdadeiras divas (Sharon Jones). A música eletrônica nunca esteve tão em voga como atualmente. Gênios da tecnologia (LCD Soundsystem) comandam picapes como orquestras e constroem verdadeiras obras primas psicodélicas (Caribou). O pop têm se mostrado detentor de qualidades supremas, com profissionalismo e criatividade (Linkin Park), fazendo até com que artistas insuportaveis (Kanye West) alcancem um ótimo lugar ao sol. Assim, aqui nesta lista a experiência (The Nationals) encontra à novidade (Villagers), e a música triste deixa de ser triste (Beach House). Enfim, 2010 foi ótimo. Aqui faltam muitas coisas, mas estamos falando de números, estes são, pessoalmente, os dez melhores discos de 2010. Aproveitem!


The Suburbs - Arcade Fire

Por um momento em 2010 o mundo parou para ouvir o aguardado terceiro álbum dos fabulosos canadenses do Arcade Fire. Donos de dois álbuns, considerados clássicos da última década, a opera band movimentou a internet durante umas boas semanas. E o resultado não poderia ser outro: mais uma genialidade. A banda entrega um álbum conceitual, sobre as mazelas e a felicidade obrigatória de um subúrbio. Como em uma novela, contos/poemas narram trajetórias, tudo isso sob um instrumental arrepiante, incrível como sempre. O Arcade Fire evidencia um som mais maduro, mais pesado, com todos os elementos que os colocaram como preferidos de público e crítica. Difícil escolher, dentre tantas, as melhores faixas. Temos em “Ready to Start” a sabedoria da construção de um excelente indie rock song. Em “Rococo” um hino crescente e doloroso, guiado por um Win Butler extremamente consciente e seguro de si. Em “Sprawl (Flatland)”, Butler chora um doloroso poema que será seguido por uma explosão psicodélica. Logo, quase fechando, somos presenteados com a melhor faixa do ano, “Sprawl II (Mountains Beyond the Mountains)” uma canção delirante, lisérgica, que visita e homenageia um passado setentista, dando um sentido maior à construção desta canção regida com maestria por Régine Chassagne. Por isso, hoje, os canadenses do Arcade Fire são os maiores do mundo. Se vão arcar com as conseqüências disso, só o tempo dirá, o importante agora é desfrutar da grandiosidade desta discografia impressionante.



2.My Beautiful Dark Twisted Fantasy - Kanye West

Infelizmente Kanye West, novamente, fez um dos melhores álbuns do ano. Digo infelizmente porque West é um dos maiores canastrões que o mundo da música já teve o desprazer de conhecer. Rancores à parte, falar do egocentrismo exagerado de Kanye é redundância já, mas falar de sua genialidade também anda sendo. Os últimos três álbuns do rapper não possuem outro elogio a não ser excelente. Nada abaixo disso. Sempre se reinventando, aqui, West visita diversos ritmos e os incorpora no seu rap àcido, semelhante à sua verdadeira pessoa. Reggae, eletro, R&B, new pop, rock progressive são auras musicais rodeadas pelo rap, narrando e jorrando palavras sobre assuntos indeterminados como AIDS, fama, Prada, política americana e, é claro, seu ego inflado. Em seu auge egocêntrico ele manda “se Deus tivesse um Ipod, eu estaria em seu playlist”. Kanye West possivelmente produziu o melhor álbum de sua carreira até agora, é um odiado que temos que amar e respeitar. A criatividade e a coesão são características irrefutáveis de seus trabalhos. Prata na lista, e infelizmente, merecidamente.




3.Hidden - These New Puritans

Raramente, mas as vezes, ser rebuscado é agradável. Os ingleses do These New Puritans, apesar da pouca idade, sofreram algumas injustas acusações, como “pseudo-intelectuais pós-punk”, dentre outras do tipo. Não é um som acessível, nem um pouco, mas a propriedade intelectual do grupo é enorme e muito visível. Em Hidden isso fica evidente. As soturnas canções expõe uma banda preocupada com o mínimo detalhe, maduros apesar da pouca idade, e com um conhecimento acerca de instrumentos, música erudita e eletrônica gigantescos. As construções são quase perfeitas. Sujas, mas com uma delicadeza impressionante. O pós punk é mesmo presente em todo o disco, e o desespero juvenil também. Daqui extraímos verdadeiras obras-primas como “Attack Music” e “We Want War”, um verdadeiro hino clamando guerra contra a guerra. Hidden é uma descoberta primorosa sobre a união do orgânico, do eletrônico e do erudito. Um tapa na cara aos que subestimaram estes garotos ingleses que apenas estão começando.


4.High Violet - The National

O histórico dos canadenses do The Nationals e recheado de acusações contra a sua solidez como grupo, no sentido de saber o que quer, objetividade. Em High Violet, enfim, encontram um meio termo. Indecisos sobre o alternativo e o mainstream, neste álbum o equilíbrio prevalece. Instrumentalmente quase conceitual, a magnífica voz de Matt Berninger rouba a cena durante todas as musicas, não desmerecendo o excelente trabalho dos instrumentistas. É um disco profundo, ao extremo, sobre amores e dores envolvidos pelo indie rock/blues e toques folk. Com hinos sentimentais grandiosos, a magnificência é nítida na primeira audição. Clássico!

5.This is Happening - LCD Soundsystem

James Murphy é um gênio. Começamos por aí. O cara à frente do LCD Sounsystem colocou o que pode ser a união musical perfeita do futuro com exatidão e entregou, em 2007, um dos melhores – se não o melhor – álbuns da década (Sound of Silver). Em 2010 anunciou o fim do LCD, e como despedida This is Happening veio como uma bofetada. Como se não bastasse a ligação harmonicamente perfeita entre a música eletrônica e o rock, Murphy visita outros elementos musicais orgânicos e eletrônicos. O progressive e o blues aparecem como influências nítidas. As letras são pura ironias, sejam elas rindo de garotas bêbadas ou comentando sobre os abusos de gravadoras. Caso seja mesmo o fim, o LCD Soundsystem construiu um legado primoroso na música, e fará falta. Torcer para que o mestre inquieto, James Maurphy, nos surpreenda em breve com alguma ousadia capaz de balançar nosso mundo, novamente.



6.Becoming a Jackal - Villagers

Os irlandeses do Villagers caso resolvessem seguir à emotividade exaltada, oriunda da música de seu país, seriam apenas mais um cubo de gelo meio a uma geleira. Fugindo disso, Connor O’Brian – e banda - adota um folk ensolarado em sua estréia, Becoming a Jackal, visitam rock stars como Doves, Coldplay e Silverchair e constroem um coeso e significativo álbum. Apesar do trabalho técnico e instrumental caloroso, contrastando com sua origem, as letras não o negam. A emoção subliminar se mistura à uma sombria e soturna onda de mistérios, sobre relacionamentos e vida pessoal. A maioria das músicas é dividida em atos, crescentes, que funcionam como explosões em ouvidos atentos a este álbum redondo, e o toque do folclore irlandês nos instrumentos como orgãos, codas finas e piano, fazem deste um disco excepcional e único, para se ter guardado e lembrado para sempre.

7.I Learned The Hard Way - Sharon Jones & The Dap Kings

Sharon Jones já conseguiu um pedacinho da fama na década de 70, mas foi esquecida. Para sustentar o que sempre amou - cantar - trabalhou como carcereira e segurança. Em 2010, o grupo The Dap Kings (grupo que acompanha Amy Winehouse) a convida para gravar um álbum. A junção da forte, estridente e incrível voz de Jones junto ao profissionalismo e experiência do funk do The Dap Kings faz deste uma das melhores parcerias surgidas nos últimos tempos, do tipo a fazer a senhora Winehouse pedir desculpas eternas à esta grande e verdadeira diva. É um álbum sessentista feito em 2010. Perdoa-se o som muito limpo, sem aqueles grandes abusos negros e incríveis. O resultado final é forte. Soul literal, cabal. Não há o que se discutir, só agradecer a volta de Sharon Jones.



8.Teen Dream - Beach House

Estranhamente fofo, o duo Beach House acerta em cheio ao adotar um som mais orgânico, mais cru e nítido do que seus trabalhos anteriores. A bela voz de Victoria Legrand flui como uma seda ao vento no instrumental vasto e competente dos outros integrantes. A bateria mais evidente também é um ponto super positivo. Inclassificável. Não é um cowntry indie acústico, nem um dream pop e muito menos um folk, apesar de navegar claramente por estes estilos. É um disco californiano, ensolarado, surfer, porém muito preciso. Para se ouvir nas mais deliciosas ocasiões.

9. Swim - Caribou

Daniel Snaith, o canadense por trás do Caribou, enfim acertou. Se antes insistia na viagem pela psicodelia rebuscada, em Swim encontrou um mar aberto e acessível a todos. Por aqui, adota-se uma coesão precisa, com canções muito mais eletrônicas do que orgânicas – acerto louvável deste instrumentista – sem perder a sua paixão pelo psicodelismo. O álbum é uma viagem, para muito longe. Faz com que flutuemos e acerta em ser eficaz tanto nos ipods como nas pistas. “Sun” talvez seja a melhor mostra disso. É redonda, perspicaz e até o fim transcende, porém mantendo corpos no chão. É a lei da gravidade brigando pela liberdade extrema.

10. A Thousand Suns - Linkin Park

Conscientemente, este álbum não figuraria entre os dez mais do ano. No entanto, acompanhando a trajetória desta banda, como verdadeiro fã, seria muito desleal não cometer esta afronta. Difulsores de um nu-metal mainstream, os Linkin Park alcançaram fama mundial com hits fáceis, inteligentes e pegajosos. Venderam milhões de discos, ganharam prêmios e hoje são uma das mais bem sucedidas bandas de rock da história. Com A Thousand Suns, a banda busca se reinventar sem perder o brilho e a marca de outrora. Ainda existem o bom rap do Mike Shinoda, a versatilidade vocal, de berros à agudos, de Chester Bennington continua roubando a cena, e agora, mais do que nunca, a investida em picapes eletrônicas se tornou crucial para a construção deste álbum. Os Linkin Park vagueiam pelo pop experimental, pelo hard rock, pelo nu-metal e fecham o disco com um acústico – erro. A maturidade é visível nos recursos usados, nas experimentações e nas letras bem escritas. Tristemente ainda é muito popular, comercial, mas mostra que no futuro pode vir um álbum histórico, profissional e inesquecível. Esta valendo a pena esperar.

terça-feira, 11 de janeiro de 2011

AS 50 MELHORES MÚSICAS DE 2010

Em um ano muito grato à história da música, seleciono 50 músicas que considero essenciais para se entender o que foi o ano de 2010. De regravações de clássicos (We are The World) à formação de novos clássicos (Cee Lo Green). De divas antigas (Kylie Minogue) à divas novas (Janelle Mónae). Do experimentalismo (Yeasayer) ao mais simples (Belle&Sebastian). Do mainstream (My Chemical Romance) ao indie (Vampire Weekend). Do acessível (The National) ao complicado (Deerhunter). Tudo está aqui. Realmente espero que apreciem e respeitem esta lista de cunho extremamente pessoal. Aguardem a tradição do Top 10 álbuns de 2010!

OBS: Para ouvir as músicas, basta clicar em cima do nome de cada uma.

1. Spraw II (Mountains Beyond Mountains) – Arcade Fire

Com The Suburbs o Arcade Fire conquistou de vez o mundo. Nesta música a banda visita o hippie indie da década de 70 e faz uma bela canção psicodélica, com teclados irrequietos e Régine Chassagne (foto) dando pitadas lisérgicas por meio de sua inconfundível voz em uma poesia surrealista feita por grandes poetas. Grandioso, imbatível: a melhor do ano!

2. Dogs Days are Over (2010 version) – Florence + The Machine

Florence Welch é uma das maiores intérpretes que o mundo teve o privilégio de conhecer. Este, já clássico, é apenas uma mostra disso. A montagem da música faz com que seu coração sofra palpitações. A letra é encorajadora. A voz de Florence é uma das mais potentes do atual pop. Quer mais? Junte a isso músicos brilhantes e transforme tudo em um show animado onde é impossível ficar parado. O mundo é melhor graças à esta música.

3. Fuck You – Cee Lo Green

Cee Lo Green já conquistou seu espaço na história da música quando lançou, junto ao Danger Mouse e seu Gnarls Barkley a clássica Crazy. Não se contentando, faz com que Fuck You se torne uma das melhores faixas do ano e uma das melhores lançadas nos últimos tempos. Em seus quase quatro minutos, o músico joga na cara do mundo que a música negra americana de raiz é a melhor e ainda existe. Já um clássico do R&B.

4. Afraid of Everyone – The National

Responsáveis por um dos melhores álbuns da década, o The National toca corações amendrontados e dá força para seguir em frente neste épico adocicado pelo timbre maravilhoso e inconfundível de Matt Berninger, sem dúvida um dos melhores vocalistas desta geração.

5. Stylo – Gorillaz feat. Mos Def and Bobby Womack

Os ótimos Gorillaz voltam com este single surpreendente, mixto, onde o R&B se encontra com o soul e a música eletrônica de forma exata, que transformam esta em uma das melhores faixas do ano.

6. Attack Music – These New Puritans

Os britânicos do These New Puritans alvoroçaram o mercado com o lançamento de Hidden, um difícil álbum conceitual feito por verdadeiros músicos, conhecedores da arte e dominadores de uma instrumentaria arrepiante. Aqui proclamam guerra à guerra, e fazem desse um hino para se sentir na alma. Uma obra-prima!

7. Sun – Caribou

Os canadenses do Caribou trouxeram uma atmosfera eletrônica superior à encontrada por aí. Com ares de balada indie psicodélica, usa-se elementos simples de lo-fi, repetições suaves a lá Air e um primoroso mash-up que faz com que deixemos no repeat horas a fio. Sinta nos ouvidos o nascer do sol...

8. Ambling Alp – Yeasayer

Uma das mais gratas surpresas do ano, o Yeasayer surpreende com originalismo na sua busca por novas instrumentações. Ambling Alp reúne o que há de mais diferente em percussão (são duas usadas) e elementos caribenhos para fazer deste seu single de estréia. Pretensioso, diferente e poderoso.

9. Invisible Lights – Sissor Sisters

Fugindo da classificação de pop-gay, os Sissor Sisters buscam inovar seu som personificando com uma homenagem à década da Dance Music. Em vão, ainda bem. Invisible Lights é o supra-sumo do ótimo Night Work. Sintetizadores gritando uma construção perfeita de uma verdadeira old dance music com uma pitada gay, porque não?, desta ótima banda.

10. Power – Kanye West feat. Dwele

West é o maior gênio do rap na atualidade, e ele sabe disso. Aqui abusa do seu egocentrismo e exagera nos versos. Estou vivendo no século 21. / Fazendo algo significativo. / Faço melhor que qualquer um que você já tenha visto”. Dwelle empresta seu poderio africano e torna este um belo “foda-se” aos que ainda tentam criticá-lo. Um genial babaca!

11. Little Lou, Ugly Jack, Prophet John – Belle & Sebastian feat. Norah Jones

Aqui os Belle & Sebastian prestam uma honrosa e emocionada homenagem aos seus ídolos: Lou Reed, Jack Kerouac e John Lennon. Norah Jones empresta sua suave voz e é responsável pelos ares épicos desta que é uma das mais belas canções da carreira da banda.

12. Lightsick – Zola Jesus

Em Stridulum II Zola Jesus chega à perfeição. Sua voz aguda e suave e suas melodias góticas e inteligentes fazem com que Amy Lee olhe para trás e chore com o Evanescence. Sem comparações, Zola é única e veio para ficar. Lightsick fecha o álbum com uma dor irrefutável, uma bela tristeza que se torna clássica.

13. The Catalyst – Linkin Park

A luta do Linkin Park com o mainstream trouxe um belo resultado este ano: o pretencioso A Thousand Suns. Neste primeiro single, a banda investe pesado em um techno sujo, em uma letra libertadora e em um arranjo grandioso que ecoará em todos os estádios do mundo. Comercial ou não é uma das melhores faixas do ano, e isso é cabal. Chester Bennington mostra uma versatilidade ínfima com seu vocal privilegiado e faz deste um dos principais hinos da banda.

14. Everybody Hurts (2010 version from Haiti) – Various Artists

Simon Cowell preferiu não tocar no que é sagrado, assim deixou We are The World para outro e escolheu Everybody Hurts, do REM, para produzir em prol do Haiti. Divas como Mariah Carey, Leona Lewis e Kylie Minogue se unem à ícones masculinos como Rod Stewart, Mika e o Westlife (entre outros) e soltam o vozeirão por cima de uma das letras mais tristes já escritas. O resultado final é grandioso. Feito com maior simplicidade, a dramaticidade e a emoção se tornam mais evidentes junto às imagens de um clipe severo.

15. Black Rain – Soundgardem

Após um pequeno período de perda intelectual do mestre Chris Cornell (Scream?), eis que o eterno vocalista volta ao Soundgardem para alguns shows e para lançar outra coletânea, intitulada Telephantasm. O A-sides é de longe melhor, mas nesta temos a grata surpresa: a inédita Black Rain. A canção não é nova – datada de 1994 -, mas mostra o quão potente era a voz de Cornell e quanto o grunge melódico, original e único do Soundgarden faz falta.

16. Its My Party – Amy Winehouse

Original de Leslie Gore, esta canção foi produzida por Mark Ronson para entrar no próximo álbum de Quincy Jones. Amy coloca sua marca neste clássico e faz com que sua desenvoltura inconfundível transforme esta em uma canção obrigatória de seu repertório.

17. We are the World (2010 version from Haiti) – Various Artists

Há canções que são intocáveis, e esta é uma delas. Clássico do Lionel Richie e do mestre Michael Jackson, 25 anos depois é novamente produzida por Quincy Jones em prol da tragédia acometida no Haiti, em janeiro de 2010. Ouvir vozes de verdadeiros novos artistas como Josh Groban e Jennifer Hudson, junto há centenas de outros grandes e novos atuais astros da música, faz com que perdoemos este pecado. O resultado final ficou estratosférico. Lindo e emocionante. O uso da voz de Michael, transviada da primeira versão e o final arrematador do rapper haitiano Wyclef Jean confirmam que este é o maior hino já feito em prol da humanidade. Impossível não se comover. Faz até o equívoco medíocre chamado Justin Bieber ser relevante.

18. Feeling Good – Faithless feat. Dido

Em 2010 o Faithless convidou todos à dançar com seu novo álbum. Feeling Good não só é uma das melhores músicas do ano, como é uma das melhores da carreira do Faithless. Dido é a cereja do bolo na música e transforma tudo em uma gostosura que arrepia. Rollo Armstrong sai da mermice de suas participações nos vocais do Faithless e funciona aqui como uma quebra à sutileza da Dido. As potentes picapes de Sister Bliss transformam tudo na melhor faixa de house music do ano.

19. Tightrope – Janelle Mónae feat. Big Boi

A incrível Janelle Mónae e seu ArchAndroid chegaram para sacudir a música. Aqui, ela brinca, faz e acontece com sua voz e junto ao Big Boi, põe o R&B abaixo e constroem um som como há muito não se ouvia. Que Mónae venha para ficar e se fixar de vez como a próxima James Brown.

20. Me and the Moon – The Drums

O The Drums movimentou a indústria fonográfica lançando músicas avulsas que brincavam com a sonoridade pure rock oitentista. David Bowie e o The Cure são visíveis inspirações. A nostálgica Me and the Moon já se torna obrigatória. Faz bater saudades!

21. Drunk Girls – LCD Soundsystem

Imperdível em pistas de dança alternativa, Drunk Girls une tudo o que resume a genialidade de James Murphy. É poderosa, torna o rock e a música eletrônica amigas de infância e não deixa ninguém parado. Ainda por cima possui uma ótima letra e um clipe original. Murphy é o cara da década!

22. SING – My Chemical Romance

O My Chemical Romance foi uma das maiores decepções do ano. Após quatro anos do lançamento do clássico The Black Parade, se perdem no fraco Danger Days The True Lives Of The Fabulous Killjoys. Aqui temos uma das salvações do álbum. Um belo hino contra repressão pessoal, ótima para ser gritada em um grande estágio, do jeito certo, assim como Gerard Way o faz com grandeza.

23. Next Girl – The Black Keys

A inconfundível junção hard blues guitarra + bateria da dupla do The Black Keys rendeu um dos melhores álbuns do ano, novamente. Cada vez mais sujos e despretensiosos, os talentosos músicos se consagram como um dos melhores compositores da atualidade.

24. All the Lovers – Kylie Minogue

Uma das melhores músicas do ano vem acompanhada com um dos mais belos clipes. Minogue volta a reinar sensualizando como nunca nesta single em que chama todos seus fãs (gays?) para se amarem – em conjunto.

25. Les Eaux de Mars – Stacey Kent

Uma das mais belas e doces vozes do atual jazz, Stacey Kent presta sua homenagem à Tom Jobin nesta versão francesa de Águas de Março. Degustante!

26. Snow – The Chemical Brothers

É com essa música que o Chemical Brothers abre o ótimo Further, e é com ela também que a dupla quebra paradigmas de sua própria carreira. Com um som mais acessível – e nem por isso inferior -, adotam vozes e elementos simples, tornando este um hit com cara de balada, som crescente, um chamariz para o que há de vir. A noite é uma criança para o Chemical Brothers.

27. Ship of Promises – Villagers

Os caras do Villagers narram uma aventura surreal neste single onde a precisão instrumental é ditada a rigor. Bateria e baixo brigam por um lugar ao sol até explodirem e darem lugar ao piano e às cordas no segundo ato desta brilhante música.

28. Dancing on My Own – Robyn

A Dj e produtora Robyn se tornou a queridinha no meio pela inteligência no uso do pop eletrônico acessível em suas composições. Dancing on My Own mostra o quanto inquieta, sombria e mesmo assim dançante pode ser esta producer. Multi camadas de eletro recheiam este incrível som que prova que, às vezes, experimentações falham e o que é bom mesmo é o velho e puro pop.

29. Slowdance – Matthew Dear

Matthew Dear é o DJ queridinho do público norte-americano. Em 2010 ele lança o conceitual Black City e com isso agrada críticos que o enxergavam apenas como um DJ de grandes dance clubs. Slowdance é um coeso lo-fi que funciona em pistas. Todos os ingredientes funcionam e Dear alcança o seu objetivo: fazer um som que transita entre as pistas de dança e os ipods da galera com maestria.

30. Year of Silence – Crystal Castles

O Crystal Castle amadureceu e transformou todo a gritaria e as distorções de seu último álbum em gritarias e distorções coesas. O eletrônico é muito mais evidente e escutável. Ainda não de fácil acesso, e quem disse que precisa ser? É sombrio, confuso, lisérgico. Year of Silence resume o que há de melhor neste álbum homônimo.

31. Hitchhicker – Neil Young

Quem é rei nunca perde sua majestade, por isso Neil Young, com 65 anos, é o rei das guitarras sujas que fazem o coração palpitar a cada acorde. Em Hitchhicker ele abusa de seu blueseirismo e faz deste cowntry song um hard rock de primeira. Arrepiante!

32. Cousins – Vampire Weekend

Em Contra, a dupla do Vampire Weekend deixam a adolescência de lado e assumem o papel de gêniozinhos do indie. Com elementos da world music, pitadas caribenhas e africanas, montam uma confusão deliciosa de se ouvir. Indie puro e profissional. Cousins é o exemplo mais eficaz desta explosão jovem!

33. Helicopter – Deerhunter

O Deerhunter se entrega ao comercial e tenta fazer com que o seu rebuscado som alcance à todos. O drama nas letras ainda está aqui, e a guitarra inconfundível também. Melodia quase suave porém inalcançável, mais atentamente perceberá que ela é mesmo inquietante, sofredora. Detalhes primordiais para se entender melhor esta banda de estranhos adoráveis.

34. What Happiness Means to Me – Amy Macdonald

A escocesa Amy Macdonald, dona de uma das músicas mais gostosas da década (This is the Life, 2005), volta em 2010 com um chato álbum chamado A Curious Thing. A acústica cowntry da última faixa, What Happiness Means to Me, coloca em foco a poderosa voz de Macdonald e faz mais de 9 minutos passarem despercebidos aos nossos ouvidos. Encerra e salva o disco.

35. How I Got Over – The Roots

Com tanto experimentalismo na música, o simples causa um estranho desconforto. Quando surge uma banda que pega elementos puros e os transformam em canções simples e grandiosas dá gosto de ouvir. O The Roots faz isso já há duas décadas e por isso merecem atenção especial. Elementos do puro Black music estão ali, sem invenções eletrônicas, apenas truques com o rap, com corais negros e a desenvoltura típica da negritude norte-americana. O final é um álbum com grandes canções. Essa é apenas uma mostra delas.

36. Only Girls (in the World) – Rihana

Rihana lançou dois álbuns em 2010. Uma audácia que já foi superada com esta música. A cantora visita à diva Madonna e lança uma batida puramente eletrônica com um refrão mega convidativo, fazendo desta uma música obrigatória nas pistas de dança durante muitos anos.

37. Love the Way You Lie – Eminem feat. Rihana

Com Recovery, Eminem volta aos topos das paradas. Com ótimas críticas e sucesso entre o público, foi um dos álbuns mais vendidos do ano. Muito por conta desta forte balada, sobre violência nos relacionamentos. Rihana traz sua história pessoal à música (Chris Brown?) e funciona como dosadora da raiva eminente de Eminem.

38. Victory – The Walkman

Os rapazes do The Walkman fazem um surf music que foge da proposta de buscar o passado. Visitando elementos cowntries, reggaes e de rock alternativo, montam um estruturado e coeso tipo de som. Alegre, sem ser efusivo. A bela voz do vocalista (!!!) transforma este que poderia ser uma simples canção sobre perdas e ganhos, em uma atmosfera estridente nos ouvidos mais atentos. Magnificente como nunca!

39. One Life Stand – Hot Chip

Críticas a parte, o Hot Chip brilha mesmo quando faz dançar, como nesta música aqui. A banda é inteligente em adotar elementos adversos que contrapõe a delicada voz de Joe Goddard, que brilha em performances cada vez mais descontraídas.

40. Black Gold – Foals

Os britânicos do Foals são reconhecidos por fazer um som exato, inteligente. Cada acorde é pensado, cada batida é linear. Em Black Gold eles abusam do surf reggae e entregam uma faixa que cresce rumo ao grandioso. Nostálgica, porém atual e incrível!

41. Shameless – Bryan Ferry feat. Groove Armada

O produtor Bryan Ferry foi uma das boas surpresas do ano junto ao seu Olympia. Buscando novos rumos e visitando espaços diferentes em cada música do álbum, aqui, junto ao Groove Armada, torna o eletrônico, ambiente, e deixa a batida fofa.

42. Baby Birch – Joanna Newson

A harpista Joanna Newson procura levar ao grande público as músicas rebuscadas que fazem parte de seu mundo, da forma mais simples o possível. Com ar bucólico e uma voz que de tão fina impressiona, aqui ela faz um acústico com tom medieval dolorido, e lindo.

43. Empire State of Mind (part II) – Alicia Keys

A versão soul desta música imortalizada por Keys e Jay-Z traz o mesmo grito épico saudoso à Nova York. O piano acompanha a bela voz de Alicia nesta linda homenagem à cidade que não dorme.

44. Paradise City – Slash feat. Fergie and Cypress Hill

O rei Slash lançou um álbum em 2010, e aqui ele revisita sua carreira no Guns e faz uma versão mais pesada de Paradise City. Fergie alcança os altos solos de Slash com perfeição e o Cypress Hill traz o tom da novidade à música.

45. Telephone – Lady Gaga feat. Beyoncé

Visando lucro, a nova diva do pop, Lady Gaga, lança seu único álbum remixado. A ótima surpresa é este single inédito em parceria com Beyoncé, que empresta toda sua negritude à música e rouba a cena. Presença indiscutível nas pistas, foi um dos grandes sucessos do ano. Gaga é uma das melhores coisas que surgiram na música nos últimos tempos. Uma grande divisora de águas.

46. Rocket States (M83 Remix) – Deftones

O Remix oficial feito pelo M83 junto à voz de Chico Moreno faz com que menos atentos confundam a música com algo do Depeche Mode. O remix é muito bem colocado e só cresce durante a música. A voz de Moreno funciona como o low das batidas precisas que ecoam e explodem em nossos ouvidos.

47. Together Again – Evanescence

Música feita e rejeitada para o filme Nárnia, traz o Evanescence repetindo a fórmula que agradou o mundo: os ecos de coro gótico-gospel estão lá, a letra sofrida e depressiva, o piano agudo de Amy Lee também. Mas não há como se deleitar com uma das melhores e mais lindas vozes da história do rock.

48. I Want to Know What Love is – Mariah Carey

Mariah faz a sua versão da bela balada oitentista original dos britânicos do Foreigner. Não há como não prestar atenção aos agudos oitavos de Carey, que prova aos críticos que ainda pode atingi-los, em uma baladinha pequena no tempo e grandiosa no objetivo.

49. Sleigh Bells – Treats

O Treats inova ao juntar a sujeira das guitarras com a intensidade de picapes eletrônicas e uma voz que de tão suave e fina causa reações adversas à música. Sleigh Bells é recheada de detalhes que nada tem a ver e funcionam perfeitamente. Não é fácil, requer audições cuidadosas, por isso mesmo cada audição é preciosa, desbravadora, e aos amantes de música, deliciosa.

50. Radioactive – Kings of Leon

O Kings of Leon se deslumbrou com o sucesso repentino do mainstream e lançou o chato e esquecível Come Around Sundown. Em Radioactive abusa de uma guitarra visceral que entra em contrapartida com a bela rouquidão do vocalista Calleb Followill. É a banda bebendo na fonte de suas origens.