sexta-feira, 19 de dezembro de 2008

Day & Age by The Killers (2008)



Se é tardiamente que venho expor minha crítica a este álbum, se sinta com vergonha caso ainda não tenha escutado esse debut da brilhante banda americana The Killers.


Considerados queridinhos da cena cult mainstrean, os Killers levantaram foi muita poeira com o lançamento do ótimo Hot Fuss, considerado por muitos como seu melhor álbum. O caráter fashionista dançante trouxe singles louváveis como Somebody Told Me e a mágica Mr. Brightside – esta até hoje a melhor música do grupo. Hot Fuss abriu diversas portas para a banda e os alçou ao sucesso absoluto, com isso, a cobrança por um segundo álbum de inéditas fabuloso como o primeiro veio a galope.


Em meados do fim de 2006 eis que surge o criticado Sam’s Town, disco que bebe na efervescente Las Vegas e funciona na carreira da banda como um laboratório de experimentações. A mixagem altíssima e a rara presença oitentista (que havia se tornado característica da banda) fizeram chover críticas negativas. No entanto, Sam’s Town é um álbum consistente e maduro, recheada de hinos que entoam emoção exacerbada.


Em 2007, lançam a compilação Sawdust, que traz b-sides importantes e singles incríveis, como Tranqüilize.


Com a moral baixa diante à crítica e com dizeres de inovação no novo álbum, o The Killers se manteve na corda bamba escondida, já que o esperado terceiro álbum de inéditas definiria se a banda responsável pelo Hot Fuss seria apenas mais uma lembrança fugaz do século XXI ou se ficariam para a história da música, realizando o sonho de serem o próximo U2. Pois então, com Day & Age a banda consegue as façanhas de lançar o melhor álbum de 2008, além do melhor álbum da carreira deles.


Day & Age já começa com uma bela capa. Com cores e um “q” de saudosismo, a pintura é linda e assim permanece durante todo encarte do disco. Abrindo com a ótima Lousing Touch, já percebemos o quanto o disco promete. Com um inteligente solo de guitarra que brinca com teclados inquietos, a música torna-se um groove digno de um clássico dos anos 80, recheado com Flowers melodiando com calmaria.


Mas são nas próximas duas faixas que o disco se encontra. Se em Human (primeiro single) Brandon questiona o que procuramos e faz inveja à Robert Smith, com uma “melancolia animada”, em Spaceman a banda explode em uma danceteria que levará milhões aos gritos uníssonos apenas com a pulsante guitarra e com um coro de vozes que lembra o antigo Queen tocando nos estádios. Aqui esta o clímax de Day & Age.


Em Joy Ride, a guitarra de Dave Keuning traz um funk delicoso e convidativo, lembrando um bar de blues, até mesmo pela presença de sax competentes.


Brandon Flowers é dotado de uma voz que encanta pela doçura e suavidade, e é em A Dustland Farytale que ele procura explorar mais seu dom. A emoção faz parte da música e isso é evidente.

Juntos, a banda explora o mundo com as faixas This is Your Life e I Can’t Stay, com um toque de ritmos do terceiro mundo, os Killers nos traz serenidade nessas faixas. O que já não acontece com Néon Tiger, que é vibrante e nos convida a pular.


Partindo para o desfecho, The World We Live in seria bizarra se fosse tocada por outra banda. Melhor dizendo, seria gastante se fosse cantada por outro vocalista. Brando Flowers prova com essa música que quem faz a mágica do The Killers acontecer é ele. Não desmerecendo o resto da competente banda, mas aqui transformar o tosco no belo é uma tarefa quase impossível e Brandon o faz com maestria.


E é em Goodnight, Travel Well que o The Killers define o Day and Age. Ouvindo ela e esquecendo do mundo exterior é como fazer uma viagem ao desconhecido em uma noite. Com um vertiginoso instrumental, no final entendemos muito bem o que a banda quis nos propor com o álbum. Ao final da música, ainda de olhos fechados, nos perguntamos em que hora do dia estamos, se ao abrir os olhos veremos sol ou lua. Flowers homenageia um de seus ídolos, Bono Vox, entoando uma voz de mesmo timbre e que muito lembra o cantor irlandês. E assim finaliza este fabuloso álbum.


Difícil esta para definir que caminho o The Killers seguirá pela frente, mas visto a sua discografia, isso se torna extremamente interessante e charmoso. Ouvi-los é um prazer e isso já é irrefutável. Ao futuro ...

.(.4/5estrelasde5.).


Dica do Post:

Final de ano e a temporada de shows bons internacionais acabou. Mas ainda dá para conferir o melhor show de 2008. É com um embate entre o saudosista e o contemporâneo que a diva Madonna traz um espetáculo do maior grau de finessi para nós brasileiros: a turnê Stick and the Sweet. Da incrível montagem do palco às ótimas performances, tudo é inovador. Os telões enormes se desmontam e formam convidados como Britney Spears, Justin Timberlake e Pharrel Willians. Coisas magestrais como um Rolls Royce entrando adentro do palco fazem o show valer cada centavo gasto. O efeito de luz e a discografia por trás das batidas, dão um toque especial e novo à sucessos antigos como Like a Prayer e Vogue. Sem dúvida, é o show do ano, e para muitos brasileiros, é um show para a vida. Aproveitem e corram para ver, até mesmo quem não gosta, vale muito a pena.