segunda-feira, 25 de fevereiro de 2008

Onde os Fracos Não Têm Vez (No Country for Old Men) - 2007

O grande vencedor da grande noite do Oscar, realmente fez mérito a cada um dos prêmios recebidos. O filme dos irmãos Cohen nos traz o espelho da sociedade moderna, em que – bem definido pela tradução em português do título original- em um mundo selvagem, os fracos não tem vez, mesmo.

Sinopse: O ator Tommy Lee Jones (de "Homens de Preto") estrela o filme "Onde os Fracos Não Têm Vez" (No Country for Old Men), a mais nova - e sangrenta - produção dos aclamados irmãos Joel e Ethan Coen ("Fargo"). Inspirado no romance do americano Cormac McCarthy, "Onde os Velhos Não têm Vez", o longa se passa no Texas, década de 80. Um traficante de drogas é encontrado no deserto por um caçador pouco esperto, Llewelyn Moss (Josh Brolin), que pega uma valise cheia de dinheiro mesmo sabendo que em breve alguém irá procurá-lo devido a isso. Logo Anton Chigurh (Javier Bardem, de "Mar Adentro"), um assassino psicótico sem senso de humor e piedade, é enviado em seu encalço. Porém para alcançar Moss ele precisará passar pelo xerife local, Ed Tom Bell (Tommy Lee Jones).

O roteiro foi adaptado brilhantemente. A inversão de papéis de caça e caçador chega a confrontar a mente de nós, telespectadores, que ficamos aflitos com tamanha frieza e realidade nas cenas de ação. A construção em cima do psicotismo do assassino Aton Chigurgh e da fraqueza intrínseca do caçador Moss chega ao extremo da genialidade nas cenas de confronto violento de ambas as partes. O xerife vivido pelo competente Tommy Lee Jones funciona mais como um mediador, mesmo sendo de total funcionalidade na trama.

A mixagem de som e os efeitos usados na maquiagem para dar veracidade a quantidade de sangue jorrado nas mortes medonhas são de realmente dar calafrios (e alguns sustos).

Javier Bardem imortaliza na história do cinema um dos mais frios e calculistas psicopatas. Só para vocês terem uma idéia, boa parte da compreensão da história do longa esta justamente nos maneirismos faciais e no olhar adotado por Bardem na construção de seu personagem.

Aliás, o que seria relevante levantar como defeito do filme, foi a insistencia dos diretores em investir nas falas. Lógico que seria totalmente necessário, mas neste filme ficou um pouco exarcebado. Além de quase confundir aos desatentos, acabou por ficar com cenas sem nexo algum. Desnecessárias – digamos assim.

Aos que reclamarem do final, assistam novamente e fiquem atentos não apenas nas falas, mas em cada olhar e cada gesto dos personagens, fabulosamente interpretados.

O filme – assim como o livro – tem a trama baseada em seus personagens. A morte do traficante no deserto junto a um massacre é apenas um pano de fundo para que os personagens pudessem trabalhar os conflitos de cada um com maestria. E conseguiram o feito. Onde os fracos não tem vez é exclusivamente o melhor filme feito em 2007.

NOTA: 9.8


Dica do Post:
Abaixo listarei os meus preferidos que concorreram ao Oscar na noite de ontem. Terão a nota dada por mim a cada um deles. Recomendo que assistam todos!
Juno - 9.0
Desejo e Reparação - 9.0
Conduta de Risco - 9.5
Sangue Negro - 9.0
Sweeney Todd – o barbeiro demoníaco da Rua Fleet - 8.6
Piaf – um hino ao amor - 9.6
O gângster - 8.5
Ratatouille - 10.0
O ultimato Bourne - 9.6
O assassinato de Jesse James... - 8.0

Divirtam-se.

domingo, 17 de fevereiro de 2008

My Chemical Romance - Ao Vivo em Curitiba (17.02.2008)

A caminho. Trânsito tranqüilo em Curitiba, nem parece que daqui a pouco uma das maiores bandas de rock atualmente no mundo se apresentará pela segunda vez – em menos de 3 dias- em solo brasileiro.

A espera pelo My Chemical Romance no Brasil já é de longa data, e finalmente os maiores ídolos emo (eles rejeitam o rótulo) nos presenteam com 4 shows que certamente serão únicos.

19:25hrs, chego cedo para o concerto que está marcado para as 20hrs. Confesso que estou tenso: no Rio uma grade caiu devido ao tumulto e em São Paulo skinheads baixaram para bater nos pobres emos. A fila lotada de adolescentes com rímels e roupas pretas já indicam que cheguei ao local certo. Sou direcionado a entrada exclusiva da imprensa e olham meu crachá (que inclusive ficam com eles), além de pedirem celular e câmera digital, mas como eu não tinha levado nenhum dos dois, fui direto para o local reservado.
Os portões já haviam sido abertos e a Hellooch já estava quase lotada. Só se ouvia gritos felizes (e femininos) vindo de trás da platéia. Vozes chamavam a banda - ou apenas o vocalista Gerard Way - que um pouco mais das 20hrs atendem aos frenéticos pedidos e começam um fabuloso show (vestidos com a mesma roupa que estavam no show do Rio, diga-se de passagem), com The Sharpest Lives.

O repertório incluiu músicas dos 3 álbuns com grande destaque ao supra-sumo da banda, o The Black Parade, que traz músicas de caráter sublime como Mama, Famous Last Words e Welcome to the Black Parade – que foram incluídas no set list. Na décima música tocada - This Is How I Disappear – vejo que o fotografo que me acompanha olha feio pra mim. Sim, eu parecia um dos fans eufóricos e sabia a maioria das letras de cor e salteado (do álbum TBP sabia todas).

O ponto alto da noite foi em Sleep, com um show de guitarras e bateria que fez até com que a limitada voz de Gerard Way (quase) conseguisse atingir os altos agudos da versão de estúdio. Em Teenagers a banda brincou com a platéia, que continha alguns pompons fofos levantados e deram um toque todo especial ao grande hit, além de sermos surpreendidos com Gerard Way encenando um sexo oral no microfone: hilário. Em seguida veio Famous Last Words, uma das melhores da banda e também desse show. Após o hit, as luzes caem e o clima melancólico e sofrido da música Câncer faz com que todos acompanhem Gerard, cantando todos juntos em clima fúnebre. Assim quase se encerra o concerto, que ainda contou com uma possível música nova e com vários pedaços de covers, que iam de Smiths (heaven knows i'm miserable now), passavam por Oasis (don't look back in anger) e chegavam ao Lou Reed (perfect day), cantados a capela pelo vocalista no intervalo entre uma música e outra. O bis fica por conta da ótima b-side Desert Song e do grande hit do My Chemical, Helena. Uma hora e meia depois o show termina. Entre desmaios de fans e muito empurra-empurra, as (por volta) 1300 pessoas deixam o local. Rímeos borrados pelo suor e pelos choros; vozes roucas pelos incessantes e desesperados gritos e o desejo de “quero mais” pareciam fazer parte da maioria dos adolescentes que ali estavam. Ainda não eram 22hrs da noite, mas para muitos a melhor noite de 2008 terminava ali, e muito bem obrigado!

Os 3 destaques do show:

  • A formidável habilidade do baterista Bob Bryar e do guitarrista Ray Toro, que mostraram competência na difícil instrumentação nas músicas do The Black Parade.
  • O não atraso e a estrutura montada desde a época da venda dos ingressos. Nem pareceu que foi feito aqui no Brasil.
  • O show em si – que foi ótimo-, a empolgação da banda e as estranhas reboladas do vocalista, que além de aumentar as dúvidas sobre sua sexualidade, divertiam demais os atônitos fans.

Os 3 principais defeitos do show:

  • A briga entre seguranças e fans disputando o controle de máquinas fotográficas e celulares com câmera.
  • O local extremamente abafado que não nos deixava esquecer que era verão brasileiro.
  • E a banda não ter tocado The Gosth of You e You Know What They Do To Guys Like Us In Prison por inteiro. O Set List foi bom, mas eles poderiam ser menos ousados na escolha das músicas.
**Set List: The Sharpest Lives / Dead! / I’m Not Okay / Cemetery Drive / My Way Home Is Through You / Mama / House Of Wolves / Welcome ToThe Black Parade / I Don’t Love You / This Is How I Disappear / Headfirst For Halos / Kill All Your Friends / Give’em Hell Kid / You Know What They Do To Guys Like Us In Prison / Sleep / “New Song” / Teenagers / Famous Last Words / Cancer. Bis: Desert Song / Helena.

Dica do Post:
Aproveitando a euforia pós-show, vou deixar como dica os 5 singles que mais gosto do My Chemical Romance. Caso o leitor não os conheça, dê uma escutada e vê se agradam aos seus ouvidos.
1. Helena
2. Welcome to the Black Parade
3. Famous Last Words
4. Teenagers
5. Mama (live)


foto by Gabriel Pinheiro**

sábado, 16 de fevereiro de 2008

Destino?

Destino. Essa palavra pode ser tão surreal para alguns e realista ao extremo para outros. Não consigo me posicionar diante disso. Será que as vezes o destino vem encarapuçado em provações? Talvez. O que aconteceu comigo foi algo assim. Uma troca sublime de olhares. Uma pequena conversa. Um quarto vazio e o acerto final daquilo que seria minha cruz pelos próximos meses seguidos.

Dois desconhecidos que nunca haviam cogitado nada entrelaçados pelo o que poderia ser o sentimento mais bonito (e perigoso) deste mundo. Época difícil para ambos? Para mim sim. Telefonemas aumentando. Scraps aumentando. Declarações aumentando. E isso tudo junto à uma dificuldade extrema de se tocar, de ao menos se ver. Aliás, isso fez com que chegasse ao fim certa vez. Um fim doído mas que parecia ser a solução correta a se fazer. Alguns dias de lamentações? Pior que não. E dessa vez falo pelos dois. Saudade? Sim, alguma havia, mas era meio do que inexplicável. Nisso pessoas já haviam começado a interferir, dizendo coisas absurdas e inacreditáveis da pessoa em questão. A pessoa cujo se declarou (erroneamente e precocemente) em um momento de redenção à paixão e da saudade batendo forte na porta do coração com a simples e tão bela expressão “eu te amo”. Totalmente desnecessária, acreditem, pois logo após houve o fim verdadeiro. Fim esse que nem chegou a seu patamar final, já que tudo voltou mais sólido e forte do que antes.

Sólido? Forte? Isso era o que eu pensava. Na semana em que o ato mais quente e delicioso se concretizou como uma explosão duradoura de fogos de artifício, a traição também veio firme e cabal à frente de meus olhos. Tudo o que haviam me dito era verdade. A mancha escura por trás daquele rosto realmente existia. Ou não?? A duvida sempre me cercava. Neste meio tempo, um amor de verão veio como uma salvação. Amores de verão funcionam, acreditem. Não houve apego fatal e nem paixonite adolescente. Foi tudo tão forte, rápido e mágico que fez com que os problemas do último relacionamento se explicassem.

Deslize. Carência. Duas das coisas pela qual eu sofri desonestamente, porque não era sofrimento, era orgulho. A vida continuou. E de certa forma alguém sempre vinha comentar da pessoa errada pra mim. O incrível é que eram comentário ruins, que contrastavam a pessoa ótima que eu tinha comigo e ao qual me tornei amigo. Será que era da mesma pessoa que falávamos? Era sim, isso era incontestável. Com nenhuma esperança de uma volta, eis que a ela surge novamente em minha vida.

O mesmo papo inteligente e ousado que de certa forma me conquistou. Mas sem as indecências de que haviam me alertado, isso nunca aconteceu comigo, o que eu acho formidavelmente estranho. Mais declarações (falsas?), mais pedidos (falsos?), mais discussões (necessárias?) e um termino de conversa que certamente poderia levar a algum lugar. Lugar com local e hora marcada, diga-se de passagem. Lugar que foi o desfecho de tudo. Lugar em que uma pessoa apenas cumpriu a promessa. Lugar que foi o ultimato desta relação, que havia sim, intrinsecamente, um sentimento forte em ambas as partes. Pode haver um futuro? Muito improvável (nunca digo nunca). Chances e pedidos houveram aos montes. Eu tinha escolhido um amor, ela apenas paixão. Era o que eu via. Era o que todos me alertavam. Mas era o mais improvável. Não me arrependo de nada, ao contrário do que eu costumo soltar para todos que me contestam do porquê de eu ter vivido tal relação. Apenas digo que foi culpa de um destino infeliz. Desculpa esfarrapada de um tolo apaixonado.

Desculpem leitores. Post pessoal costuma passar longe deste blog. Mas só com as palavras consigui desatar o nó preso em minha garganta. Post feito para apenas uma pessoa.

Dica do Post: Tanto sentimentalismo foi escrito ao som do rei da armagura e da tristeza. Anthony and the Johnsons, que nos presentou em 2007 com belíssimos shows no Tim Festival de São Paulo e do Rio de Janeiro.

sexta-feira, 8 de fevereiro de 2008

O Selo da ignorância e da incapacidade proposto ao estudante brasileiro pelo Governo

A má educação brasileira, junto à saúde, foram e ainda são os principais argumentos que explicam o porque deste país não ir para frente. Lógico, estes dois são a base dos problemas, que são cada vez mais supridos pela violência e pela corrupção. Depois de um defasado governo vindo de Fernando Henrique Cardoso, as propostas de Lula vieram como uma luva para o povo mais humilde, logo que promessas de uma vida melhor vindas de uma pessoa que passou por maus bocados em sua trajetória eram algo no mínimo animador. E é aí que veio o perigo. Lógico que Lula não cumpriu a maioria de suas promessas, mas soluções para se diminuir a fome, o analfabetismo e a exclusão social vieram de tal forma como antes nunca vista. Louvável atitude? Nem tanto.

O presidente se próprio contradisse com a aplicação de seus projetos, já que um dos seus principais jargões eleitorais era “eu não apenas darei o peixe, como também ensinarei a pescar”, e infelizmente não foi isso o que aconteceu. Projetos como o Bolsa Família apenas dão o “peixe” aos brasileiros sem fazer com que possam prosperar de alguma forma. O projeto não dá oportunidades de crescimento ao beneficiado e acarreta o acomodamento, conseqüência lamentável em um país como este. Foi de grande ajuda? Lógico, diminuiu as taxas de miséria e de evasão escolar, mas poderia ser bem diferente e bem mais vantajoso futuramente se não fosse tão mal feito. Assim como é com o Sistema de Cotas imposto em algumas faculdades publicas. Aliás, é pior.

O sistema criado é um atestado da incapacidade do governo federal em criar soluções que realmente funcionem neste país. Baseado no sistema de cotas raciais norte-americano, o brasileiro expandiu ainda para os estudantes de escolas públicas. É totalmente descabível que este sistema funcione. Combater o preconceito?? Aumentar chances para negros e pobres?? De onde tiraram isso? As conseqüências que este projeto gerará são calamitosas: os negros sofrerão maiores discriminações (o sistema coloca “brancos” como mais capacitados); os alunos que realmente se dedicam aos estudos serão prejudicados tendo suas vagas roubadas; famílias que passam a economizar uma vida inteira para bancar filhos em boas escolas serão injustiçadas, além de no futuro temos profissionais desprezíveis e mal-formados que farão deste país uma prova concreta de conseqüências de um governo ignorante.

Concordo que para um marketing de governo esse projeto é perfeito. Deixa Lula com o título de “pai dos pobres”, mas eles poderiam dar uma melhorada no sistema. Ao invés de colocar uma porcentagem nas vagas já tidas, porque não aumentar o número de vagas? É uma alternativa que dava para ser feita em curto prazo. E se Lula quer mesmo seguir seu amigo Hugo Chávez e deseja entrar para a história (mas de forma benéfica) deveria seguir o exemplo da Coréia do Sul e da Índia, com altíssimos investimentos na educação básica e fundamental e não no ensino médio. 5.6% do PIB brasileiro vai para a educação, é um número bem relevante, comparado a de países de primeiro mundo, o problema é o destino desse dinheiro. Parece que o governo esqueceu que escolas precisam ser reformadas, que livros novos devem ser comprados, professores devem ser valorizados e por aí vai. A educação não é nada levada a sério neste país, pelo menos não da forma como deveria. Se eles quiseram realmente ensinar o brasileiro a pescar, acabaram por matar todos afogados.

DICA DO POST: Leiam os dois ótimos livros do badalado escritor Khaled Hosseini. O Best-Seller O Caçador de Pipas e o novíssimo Cidade do Sol. Ambos com características dramáticas e envolvendo curiosidades históricas e culturais do mundo árabe. Contadas de maneira fascinante, os livros são de leitura rápida e envolvente. Super Recomendado.