quarta-feira, 28 de outubro de 2009

Cidadão Kane (Citizen Kane, 1941)

No topo de várias listas sobre os melhores filmes da história do cinema, Cidadão Kane, mesmo após mais de 60 anos de seu lançamento, continua presente na história do jornalismo mundial, denunciando o que há de mais sujo nesse mundo e colocando em cheque quanto tempo mais tal obra terá enfoque tão presente nesta profissão.


Tendo um grande impacto ainda nos dias de hoje, na época de seu lançamento Cidadão Kane causou um enorme furor por parte dos espectadores e da crítica especializada, quando no corpo do filme valores morais são postos abaixo de acordo com o tradicionalismo presente na década de 40, e quando uma grande guerra começava e a imprensa representava um papel importantíssimo para a sociedade americana.

Dirigido, produzido, roteirizado e atuado pelo gênio Orson Welles – com pouco mais de 20 anos de idade, o filme começa com a pronúncia da palavra “Rosebud”, que será a espinha dorsal do longa e é dita pelo personagem principal, Charles Foster Kane (Orson Welles) minutos antes de sua morte. Após um documentário biográfico de mais ou menos dez minutos – contando resumidamente a vida social, econômica e política de Kane –, o filme começa com um grupo de jornalistas contestando a qualidade do documentário e a formação da pauta cujo propósito é descobrir o significado da última palavra dita por Charles F. Kane: “Rosebud”.

Mas então, surge a dúvida: como tais jornalistas sabiam qual foi a última palavra dita por Charles F. Kane se o mesmo estava sozinho na hora em que a pronunciou? Partindo da brilhante hipótese de que a cena funcionou como um segredo entre o personagem e o espectador, o diretor Welles nos coloca como divulgadores da notícia, algo inédito e fantástico no cinema da época, um detalhe de extrema importancia e que muitas vezes passa despercebido, sendo esse o ponto propulsor para que o filme siga.

Utilizando de uma narrativa não-linear e construindo por meio de flash-backs a história do longa, o diretor mostra uma árdua jornada do jornalista Thompson (Willian Alland) rumo à descoberta do significado da última palavra de Kane. O jornalista entrevista pessoas como a ex-mulher do magnata, o mordono e ex-funcionários e amigos, para tentar encontrar o que procura.

Orson Welles utiliza de recursos muito avançados para a época da filmagem, como a colocação do que está em primeiro e segundo plano em um jogo de câmeras, dando importância maior ao personagem que está focado em primeiro plano e continuando assim em sua sequência. A fotografia também possui papel importantíssimo, pois trabalha com a sombra como fator primordial para percebemos quando que Charles F. Kane faz suas tramas ou quando o diretor deseja que percebamos o clima sombrio da cena, acentuado com a trilha sonora.

A direção e a roteirização – esta ganhadora do Oscar do ano de 1942, o único das oito indicações – são exuberantes, com uma riqueza de detalhes que fazem com que o espectador esteja atento durante cada minuto do filme. Orson Welles ainda extrai atuações magníficas de atores que haviam começado no próprio filme e ainda eram desconhecidos do grande público.

Sem dúvida, é necessário assistir Cidadão Kane mais de uma vez, com dois olhos: um de apreciador e outro de observador, já que há muitos detalhes a serem interpretados e que fazem o filme ser muito mais profundo do que realmente parece ser. A própria descoberta da palavra “Rosebud” nos direciona a um lirismo que parecia estar muito longe de todo o filme.

Orson Welles apenas teve o seu reconhecimento anos após o lançamento de Cidadão Kane, mas por qual motivo o filme ainda é tão presente? Infelizmente, as denúncias mostradas no decorrer do longa não passam de verdades ainda atuais, como o jornalismo-marrom que esta inserido em grandes veículos de comunicação mundial e a influência suja que a política tem na imprensa.

Talvez alguns não concordem com tamanha admiração de muitos por este filme, mas devido a sua importância histórica, a evolução nas técnicas cinematográficas para a época, a sua atualidade onipresente mesmo daqui a 60 anos e a denúncia explícita à política e a imprensa, realmente concluimos que Cidadão Kane é impecável, e deve ser digerido não importando idade e nem valores pessoais. É um fabuloso filme digno de nota máxima e que jamais será esquecido.

Dica do Post:

Muito em breve será lançado uma coletânea de músicas com propósito beneficente. O álbum intitulado “Rhythms Del Mundo”, faz parte de uma série que está em seu segundo disco e trará canções do pop e do rock já clássicas e as transformarão em ritmos cubanos, por meio de uma nova roupagem. E para divulgar, já foi liberada na internet a faixa em que a banda americana The Killers faz uma nova versão de “Hotel Califórnia” dos Eagles. É no mínimo curioso e vale à pena a audição.

sábado, 24 de outubro de 2009

Publicidade doentia

Foi noticiado recentemente que o problemático ex-polegar Rafael Ilha fora internado após tentar se matar com um pedaço de caco de vidro. Pelo visto, a reação de cidadãos normais com o acontecido foi a mesma: indiferença. Há coisas na mídia que de tão repetidas passam batidas, mesmo que o fato seja grave.

Várias “celebridades”, nacionais e internacionais, usam das tragédias para se auto-promoverem. Este efeito “tragédia = glamour” já começa a atingir mentes pequenas de cidadãos comuns. Na última semana o mundo parou com a história de um balão caseiro desgovernado que tinha dentro uma criança, que ao desamarrar o balão feito pelos pais acabou por ficar preso dentro dele. A notícia correu países e as buscas pelo menino acabaram por se tornar parte de uma conflituosa e agoniante trama, recheada de suspense e que no final pareceu (e foi) brincadeira, já que o moleque estava no sótão da casa, “escondido”. As aspas são justificadas pelo caso: a família do menino armou a história para atrair atenção da mídia para assim poder divulgar alguns negócios.

Na verdade, este tipo de história vende muito. O povo parece gostar de um barraco ou uma tragédia. Voltando as “celebridades”, muitas conseguem conquistar a fama novamente depois de tantas mazelas pessoais, aproveitando da perda de memória recente das pessoas. Grande exemplo disso é a cantora norte-americana Britney Spears, que depois de muito causar escândalos, lançou dois álbuns de sucesso e na semana passada obteve – novamente em menos de um ano – o primeiro lugar das músicas mais tocadas do site da Billboard com seu novo single “3”. Outras passam perto do ostracismo mas conseguem se manter, como a atriz Vera Fisher e a cantora Whitney Houston.

Entretanto há outros que ainda utilizam da polêmica para conseguir um minuto da atenção da mídia. Rafael Ilha é um grande exemplo disso. Um fracassado pelas drogas que já recebeu inúmeras ajudas, mas nunca teve uma verdadeira vontade própria para se auto-ajudar. O lamentável caso desta última semana só prova que o rapaz está cavando o fundo do poço em que ele se meteu novamente, mas mesmo assim ainda cava com câmeras filmando seu show pessoal e com uma gigantesca platéia para assistir ao espetáculo.

Dica do Post:

Por falar na dita-cuja, realmente “3”, da cantora Britney Spears, possui uma batida muito boa e o sucesso deve ser grandioso nas boates de todo o mundo. Assim como a eloqüente “Celebration” da matriarca do pop Madonna. A já citada Whitney Houston nos presenteia com “Million Dollar Bill”, uma dançante nostalgia à época da brilhantina Motown, mas com toques bem modernos. O grupo 3OH!3 se une a Katy Perry e juntos lançam o batidão “Starstrukk”, que promete incendiar pistas de dança com sua euforia. Para finalizar, procurem algum remix do novo sucesso da Rihanna, “Russian Roulette”, e se divirtam. Esses são os possíveis últimos maiores sucessos do pop neste ano. Aproveitem!

terça-feira, 20 de outubro de 2009

O grito do macaco


Poucos dias após o anúncio de que o Rio de Janeiro foi a cidade escolhida para sediar as Olimpíadas de 2016, um confronto entre policiais e traficantes do Morro do Macaco toma proporções de conflitos em zonas de guerra internacional. Um helicóptero da Polícia Militar do Rio de Janeiro foi metralhado e explodiu ao aterrizar em um pouso forçado, deixando dois policiais mortos. Os números finais do conflito assustam: três políciais, três jovens civis e 18 criminosos mortos e muitos feridos.

Infelizmente a notícia teve grande repercussão nacional e internacional e o questionamento sobre se o Rio realmente foi a melhor escolha para sediar as Olimpíadas de 2016 parece ter sido o foco do argumentos.

Seria muita ingênuidade acharmos que até 2016 a capital que sediará os jogos olímpicos estará sob uma paz visível e que os crimes não afetarão o evento.

Mas também não podemos deixar o pessimismo se alastrar e fazer com que cada assalto no Rio de Janeiro seja motivo para reprovação da escolha da COI (Confederação Olímpica Internacional) para o Rio sediar os jogos.

O trágico conflito no Morro do Macaco não pode ser espelho para o que acontecerá daqui a praticamente seis anos. É uma probabilidade, enorme, diga-se de passagem, mas teremos de ser mais crentes de que os projetos anti-violência serão mais estratégicos e benéficos, ressaltando que o foco não deve ser as Olimpíadas de 2016, e sim um futuro melhor para a maravilhosa e machucada cidade do Rio de Janeiro.

Dica do Post:
Aos apaixonados por ficção eis que um presente é entregue pelo diretor dos filmes da fabulosa trilogia “O Senhor dos Anéis”, Peter Jackson. “Distrito 9” conta a história de um gupo de extra-terrestres que se refugiam na África do Sul após defeito em sua nave espacial, e assim, causam conflitos contra humanos. Produção simples mas que impera com uma criatividade inteligentíssima e uma simplicidade de bom agrado. História extremamente ficcional mas redonda, e com um lirismo recheado de valores de uma sociedade incapaz de receber bem o que é diferente. Não percam!
Nota: 9.0

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

Alô palhaços!

Esta é a mensagem que nós, clientes da Caixa Econômica Federal recebemos diariamente durante esta ridícula greve dos bancários. Justamente o banco que seria o responsável por cuidar do povo brasileiro com zelo e dignidade, agride a moral de cada um de nós com uma paralisação egoísta e de que nada acrescentará para um bom serviço futuramente.

Aos bancários, uma simples busca no Google faz estudar melhor sobre a empresa Federal onde trabalham. Em uma das metas que a empresa almeja alcançar durante sua jornada quase diária, está a Valorização do Ser Humano, Transparência e Ética com os clientes. Hoje em dia, isso funciona mais como uma piada. Diariamente, mesmo durante a greve, é notável e desesperador algumas centenas de clientes que vão ao banco tentar algo, ao menos um atendimento ou uma ajuda, já que a vida pessoal e profissional de verdadeiros trabalhadores não acaba.

O desejo é que o banco perca muitos clientes, para que assim comece a dar valor, mesmo sendo fantasioso isso, seria uma boa iniciativa.

A egoísta greve da Caixa Econômica Federal acaba por ser um espelho da bagunça que esta nossa economia. O abuso a paciência e colaboração da população parecem ser fatores determinantes na hora de se pensar em ganhar mais as nossas custas. Infelizmente, o que nos resta é sentar e esperar que alguém saia ganhando deste jogo, cujos fantoches somos nós, o passivo povo brasileiro.

Dica do Post:

A celebração mórbida a um artista parece ser bem comum após a morte de algum. Tem sido assim com Michael Jackson e não será diferente, aqui na America Latina, com a figura da carismática e imortal Mercedes Sosa. A famosa portenha é dona de uma das vozes mais bonitas que já tivemos o prazer de escutar. Infelizmente nos deixou bem recentemente, mas temos uma grande obra com mais de 50 álbuns para apreciar. Na internet há várias coletâneas, e vale muito a pena. A originalidade e o empenho humanitário nas letras a fazem importante para a nossa história. Vá com Deus Mercedes!

segunda-feira, 12 de outubro de 2009

Construindo uma embalagem

“Nenhum país tem tanta certeza do seu futuro quanto o nosso”, afirmou o presidente Lula durante cerimônia da disputa pela vaga da sede das Olimpíadas de 2016, em Copenhague. O presidente, talvez, nunca disse tamanha verdade.

Com o país sediando eventos como a Copa do Mundo de Futebol em 2014 e as Olimpíadas em 2016, o sentimento que deveria ser de euforia se perde em uma preocupação vigente com os problemas sociais brasileiros, já que ficará a dúvida: será que o dinheiro gasto com as obras para receber estes eventos será paliativo com as necessidades carentes do povo? É difícil acreditar que o país esteja preparado para isso, já que estamos por cima de uma crise que nunca acaba. Neste ano, escândalos no Congresso Nacional e atentados à Legislação brasileira foram recorrentes e explícitos. O PIB não consegue mais atingir o patamar dos primeiros anos do governo Lula e o IDH do país não é dos melhores. Promessas e mais promessas tornam este um país do futuro, mas todos nós sabemos que nunca foram muito de cumprir. Será gasto uma quantidade exorbitante com esses dois eventos e os problemas que realmente tornam este um país subdesenvolvido continuarão a existir, e o que é pior, com um provável crescimento.

Dinheiro para fazer esta quermesse esportiva foi logo sendo divulgada para todos os cantos, como se não fosse problema para o país. Enquanto isso, muitas famílias nordestinas ainda vivem mensalmente com 70 reais mensais, além de outras milhares no sul desabrigadas e sem dinheiro por causa de tragédias com que nada têm culpa.

Talvez esta seja uma visão muito descrente e que não possua nada de similar no futuro do Brasil, e a torcida para que isso seja verdade é grande. No entanto, não é improvável que aconteça. Ao invés de vivermos de aparências e mostrar ao mundo um país que não existe, porque não começar desde já a construir uma nação de qualidade social para que realmente sejamos creditados a país muito bem desenvolvido? Recursos temos espalhados por aqui, o que falta é um maior comprometimento com as causas sociais e uma maior responsabilidade com as finanças do país. Enquanto a corrupção continuar consumindo as entrelinhas brasileiras, viveremos dentro de uma caixa suja e estragada de papelão, envolta por um belo e limpo papel de presentes.

Dica do Post:

Foi divulgada hoje pelo site oficial do cantor a música que seria o próximo single do imortal Michael Jackson. “This is it” é uma habilidosa balada que traz Jackson em uma fabulosa e nostálgica performance. É incrível que o timbre inconfundível e a qualidade marcante ainda estejam lá, com isso, a tristeza em saber que a volta triunfal não vai mais acontecer se torna momentânea. Nos cinemas, o documentário de mesmo nome da canção estreará em breve em sessões curtas e especiais, não percam!

Ricardo Kotscho – Uma Vida de Reporter: Do Golpe ao Planalto


São mais de quarenta anos como assíduo jornalista. Assim, Ricardo Kotscho é tido como um dos principais profissionais do ramo no Brasil e possui uma grande influência tanto nas redações dos grandes jornais brasileiros quanto no governo federal, tendo sido um grande assessor do presidente Luis Inácio Lula da Silva. E é com uma rica história autobiográfica que Kotscho conta em seu livro, Do Golpe ao Planalto – Uma vida de repórter, sua trajetória como um jornalista idealista sob uma ótica pessoal e muito bem detalhada.

No decorrer do livro, Ricardo conta como sua profissão variava. A sua versatilidade lhe permitia contar fortes detalhes, por exemplo, como o jornalista investigativo que desvendou um esquema de lavagem de dinheiro que fazia com que funcionários federais levassem uma vida bastante vantajosa e não condizente com os salários que cada um ganhava oficialmente. Kotscho narra também suas empreitadas como correspondente internacional e jornalista esportivo, além de divertidas tentativas como repórter televisivo.

Fatos políticos e historicamente importantes para o país são narrados minuciosamente pelo jornalista, como a efervescente era da ditadura militar, com a implantação do lamentável AI-5 e a morte (assassinato) de seu amigo e companheiro de trabalho, o jornalista Vladimir Herzog – narrada aqui com profundidade, entoando uma sublime homenagem ao amigo.

Kotscho também conta como aconteceram fatos importantes para o povo brasileiro, como a famosa greve dos operários no ABC paulista – quando conheceu o seu amigo Lula -, a volta dos exilados políticos e a campanha das Diretas Já, ditas com todas as letras e com uma emoção que transcende o livro.

Partindo para o final da década, Kotscho comenta como foi ser assessor de Lula durante suas tentativas à presidência do país, e ainda faz um apanhado geral nos tempos atuais, enquanto ainda trabalhava com o presidente. O jornalista também relata um lado real (e por vezes cruel) de um Brasil que ele conheceu por um todo durante as caravanas com o atual presidente.

Assim, Do Golpe ao Planalto – Uma vida de repórter se torna leitura obrigatória a todos os estudantes de jornalismo, já que mostra os verdadeiros percalços aos quais estarão submetidos caso realmente estejam dispostos a fazer da profissão a sua para sempre. Porem, tendo uma linguagem de fácil compreensão, torna-se um ótimo livro para se recomendar a qualquer pessoa e presenteá-la com uma agradável leitura e uma história de vida profissional digna de ser chamada de brilhante.

Dica do Post:

Aproveitando o gancho literário, indico-lhes o diário pessoal e profissional do jornalista Ricardo Noblat, intitulado O Que é Ser Jornalista? O livro é mais cru na questão histórica e muito mais vigente na profissional. Nele, estudantes de jornalismo encontrarão claras dicas de como construir bons textos e como enfrentar situações do cotidiano da profissão. É um livro para ser lido e relido algumas vezes. Usufruam!

Improvável Mudança

O Linkin Park está em estúdio para gravação do novo álbum da banda, que deve sair no primeiro semestre de 2010. Em entrevista a revista norte-americana Rolling Stone, um dos vocalistas da banda, Mike Shinoda, disse: "O novo cd soará como uma ‘comida estranha’ para os fans. É algo como se você experimenta pela primeira vez e pensa que nunca provou nada como isso, mas acaba gostando. Nós temos que gravar o disco e ver no que vai dar".

Se em Minutes to Midnight, de 2007, o Linkin Park já apostava em uma visível – mas não bem-vinda – mudança, este próximo álbum pode ser a projeção ou a decadência dos norte-americanos. O Linkin Park conquistou uma legião de fiéis fans tocando um estilo original, em que o peso do metal vinha em contraponto a batidas de eletro com rap. Álbuns como o Hybrid Theory, de 2001, são históricos. Durante três anos a banda anunciou que produziria algo totalmente inovador e diferente do histórico da banda, e com isso surgiu o Minutes to Midnight, um álbum muito bem trabalhado, mas com uma visível imaturidade. Nesse, as melodias estão mais suaves e o rap – junto ao eletrônico - parece ter sido extinto quase por inteiro. Soa muito mais como uma experimentação do que propriamente como uma inovação. Apesar disso, é muito interessante e possui ótimas canções, deixando a banda ainda com o título de uma das melhores bandas de rock da atualidade.

Neste ano fomos surpreendidos com um ótimo som. “New Divide” foi escrita e produzida para o segundo filme da série Transformes e, apesar de bastante comercial, é puramente de qualidade e mostra uma banda muito bem amadurecida, com um instrumental inteligente e um vocal poderosamente bem encaixado.

Mesmo ditando uma certa mudança no som da banda, ainda acho inacreditável que virá algo realmente novo. Mudança é o que o bandas como The Killers e Silverchair fazem, álbum após álbum, mas o mainstream faz com que os ótimos Linkin park se restrinjam um pouco. Aos fans, devemos ficar na torcida e esperar muita qualidade para vir. 2010 já esta chegando, aguardaremos.

Dica do Post:

Em um ano fraco para a música, três lançamentos surpreendem pela ousadia e pelo fabulosismo.

Em agosto, os antigos garotos do Arctic Monkeys mostram grande amadurecimento em um terceiro álbum de estúdio. Hambug traz um experimentalismo quase surreal e que muito difere do seco britpop que fez o sucesso da banda. A produção do talentoso Josh Homme (Queens of the Stone Age) fez com que a fase adulta de cada um gritasse mais alto, apesar de uma evidente semelhança com as músicas da própria banda de Homme.

Em setembro, somos contemplados com dois ótimos trabalhos. O Pearl Jam volta com uma fúria evidente em seu Backspacer. O grunge é resgatado pela banda, que também investe em baladas com uma clara influência do ótimo trabalho solo do vocalista Eddie Vedder, intitulado Into the Wild.

Quem também surpreende fazendo o mesmo é o Muse. Com o experimentalismo de sempre, a banda constrói um álbum conceitual e viajante em The Resistance. As músicas são esculpidas de forma gradual e alternativa, e recheia nossos ouvidos com verdadeiras orquestras comandadas por uma única voz, e que voz...

Aproveitem!

A louvação pelo desprezível

Dizem que toda forma de arte deve ser respeitada, isso sem dúvida, cada qual com o seu devido gosto. Mas o que dizer sobre a atual circunstancia em que se encontra a cultura musical brasileira aos olhos do povo?

O Brasil, aos olhos dos estrangeiros, sempre foi visto com um país de pouca qualidade musical, com certa e respeitável qualidade em canções de Bossa Nova e de sambas com apelo tropicalista, como foi o caso da aclamação mundial à Tom Jobim e ao Gilberto Gil, por exemplo, respectivamente um dos principais nomes dos ritmos citados. Até o final de década de 80, priorizava-se no país uma cultura com maior apelo crítico, visto os duros momentos pelo qual a sociedade brasileira da época sofria.

Mas infelizmente, a partir da década de 90, o turbilhão de músicas descartáveis pareceu tomar a cabeça do brasileiro, que se rendeu a apenas ver na arte uma forma de diversão, sem se lembrar que a cultura é um magnífico meio para divulgarmos aquilo que realmente nos importuna no país. Lógico que não tenho nada contra as bandas de axé ou as de funk, cada um faz seu trabalho dignamente, o meu objetivo é dizer que o senso crítico do brasileiro vem se deteriorando a cada dia, e o espelho dos sucessos musicais aqui no país nos aponta claramente isso.

Ressalto também que não digo que a safra cultural brasileira atual é de péssima qualidade, na verdade, estamos produzindo artistas de calibre internacional, com ótimos álbuns e que nada perde para o que vem de fora. Porem, esse tipo de mercado musical não sai do ostracismo, salvo raras exceções.

Decerto que este não é um problema exclusivamente brasileiro, já que culturas como a argentina e a norte-americana também parecem vangloriar a falta de criatividade e o ritmo esdrúxulo, mas isso é imutável. Talvez seja um comentário preconceituoso, e o que se diz ser de qualidade para uns, é porcaria para outros. Na verdade, cultura musical, pelo visto, é a identidade de cada um. É que nem religião e futebol, não podem ser discutidos. Músicas são feitas para serem prazerosas e totalmente de caráter pessoal.

Por isso, o melhor a se fazer é ser original e curtir o que mais lhe chama atenção. Críticas são apenas opiniões pessoais comercializadas pela mídia. Como dito anteriormente, isso é algo imutável. A adoração pelo o que é desprezível está intrínseca em um povo, que apenas busca a singularidade e a simplicidade de músicas para fugir das complicações da vida.

Dica do Post:

A Onda (Welle, Die – Alemanha, 2008), filme em cartaz nos melhores cinemas alternativos do país, possui a consistência de um bom drama e ainda levanta questionamentos escondidos por uma sociedade com um passado triste, como a alemã.

Sinopse: Rainer Wegner, professor de ensino médio, deve ensinar seus alunos sobre autocracia. Devido ao desinteresse deles, propõe um experimento que explique na prática os mecanismos do fascismo e do poder. Wegner se denomina o líder daquele grupo, escolhe o lema “força pela disciplina” e dá ao movimento o nome de A Onda. Em pouco tempo, os alunos começam a propagar o poder da unidade e ameaçar os outros. Quando o jogo fica sério, Wegner decide interrompê-lo. Mas é tarde demais, e A Onda já saiu de seu controle. Baseado em uma história real ocorrida na Califórnia em 1967.

O filme cutuca uma ferida não cicatrizada da Alemanha, mas também aponta a responsabilidade de controlar em nós mesmo a figura fascista que se esconde em nosso âmago sentimental. Fabuloso!

Nota: 10,0