Ouça: You Took Your Time
- Fizeram 2013:
O atraso quase se tornou irritante, talvez insuportável, mas não negativamente e sim pela euforia visível no âmago de cada fã que lotava o Circo Voador, no Rio de Janeiro, na naquela noite de sexta. Sim, fãs, responsáveis por trazer os americanos por meio do incrível projeto QUEREMOS e que muito tem salvado admiradores e consumidores de um som de qualidade.
Assim que as luzes púrpuras se acenderam e o timbre refinado de Matt Berninger cantaram as primeiras palavras de Runaway, o atraso foi esquecido, e deste momento em diante, seria apenas momentos glamourosos de trocas de elogios entre banda e público.
Em um show feito por fans, a banda – tendo como porta-voz o frontman – não cansava de agradecer, em português, aos ali presentes, chegando ao ponto de nos dizer que estavam “sentindo falta de momentos como aquele” além de ressaltar ser um dos melhores shows feitos na carreira do The National.
Entre uma queda doída do vocalista, erro engraçado de letra e esquecimento de acordes do guitarrista, fizeram um show catártico. Momentos sublimes eram entoados música a música em uma coesão banda/público divina. No repertório, em sua maioria, músicas do fabuloso último álbum, High Violet, e de seu anterior, The Boxer. Além de duas faixas “extras” pedidas pelo público e atendidas pela banda.
Visivelmente Matt Berninger e banda ficaram satisfeitos por terem feito um dos melhores concertos de suas vidas. No final apoteótico, assim como em São Paulo, se deu com amplificadores e microfones desligados e quase à capela, público e banda cantam o hino “Vanderlylle Crybabe Geeks”, fazendo com que lágrimas voem e aplausos se misturem a gritos que duraram bons minutos, em agradecimento a um show inesquecível e único.
SETLIST:
Runaway
Anyone's Ghost
Mistaken For Strangers
Bloodbuzz Ohio
Slow Show
Squalor Victoria
Afraid Of Everyone
Conversation 16
All The Wine
Abel
Sorrow
Apartment Story
Lemonworld
Green Gloves
England
Fake Empire
Encore:
Brainy***
Lucky You
Mr. November
Terrible Love
Vanderlyle Crybaby Geeks (acoustic)
- “A rede social”
- “O discurso do rei” [VENCEU]
- “Cisne negro”
- “O vencedor”
- “A origem”
- “Toy Story 3”
- “Bravura indômita”
- “Minhas mães e meu pai”
- “127 horas”
- “Inverno da alma”
Melhor diretor:
- David Fincher – “A rede social”
- Tom Hooper – “O discurso do rei” [VENCEU]
- Darren Aronofsky – “Cisne negro”
- Joel e Ethan Coen – “Bravura indômita”
- David O. Russell – “O vencedor”
Melhor ator:
- Jesse Eisenberg – “A rede social”
- Colin Firth – “O discurso do rei” [VENCEU]
- James Franco – “127 horas”
- Jeff Bridges – “Bravura indômita”
- Javier Bardem – “Biutiful”
Melhor atriz:
- Annette Bening – “Minhas mães e meu pai”
- Natalie Portman – “Cisne negro” [VENCEU]
- Nicole Kidman - “Rabbit hole”
- Michelle Williams - “Blue valentine”
- Jennifer Lawrence - “Inverno da alma”
Melhor ator coadjuvante:
- Mark Ruffalo – “Minhas mães e meu pai”
- Geoffrey Rush – “O discurso do rei”
- Christian Bale – “O vencedor” [VENCEU]
- Jeremy Renner – “Atração perigosa”
- John Hawkes – "Inverno da alma"
Melhor atriz coadjuvante:
- Helena Bonham Carter – “O discurso do rei”
- Melissa Leo – “O vencedor” [VENCEU]
- Amy Adams – “O vencedor”
- Hailee Steinfeld – “Bravura indômita”
- Jacki Weaver - “Reino animal”
Melhor roteiro original:
- “Minhas mães e meu pai”
- “O vencedor”
- “A origem”
- “O discurso do rei” [VENCEU]
- "Another year"
Melhor roteiro adaptado:
- “A rede social” [VENCEU]
- “127 horas”
- “Bravura indômita”
- “Toy Story 3”
- "Inverno da alma"
Melhor longa-metragem de animação:
- "Como treinar o seu dragão"
- "O mágico"
- "Toy Story 3" [VENCEU]
Melhor direção de arte:
- "Alice no País das Maravilhas" [VENCEU]
- "Harry Potter e as relíquias da morte - Parte 1"
- "A origem"
- "O discurso do rei"
- "Bravura indômita"
Melhor fotografia
- "Cisne negro"
- "A origem" [VENCEU]
- "O discurso do rei"
- "A rede social"
- "Bravura indômita"
Melhor figurino
- "Alice no País das Maravilhas" [VENCEU]
- "I am love"
- "O discurso do rei"
- "Bravura indômita"
- "The tempest"
Melhor documentário (longa-metragem)
- "Exit through the gift shop"
- "Gasland"
- "Inside job" [VENCEU]
- "Restrepo"
- "Lixo extraordinário"
Melhor documentário (curta-metragem)
- "Killing in the name"
- "Poster girl"
- "Strangers no more" [VENCEU]
- "Sun come up"
- "The warriors of Qiugang"
Melhor edição
- "Cisne negro"
- "O vencedor"
- "O discurso do rei"
- "127 horas"
- "A rede social"[VENCEU]
Melhor filme de língua estrangeira
- "Biutiful"(México)
- "Dogtooth" (Grécia)
- "In a better world" (Dinamarca) [VENCEU]
- "Incendies" (Canadá)
- "Outside the law" (Argélia)
Melhor trilha sonora original
- "Como treinar seu dragão" - John Powell
- "A origem" - Hans Zimmer
- "O discurso do rei" - Alexandre Desplat
- "127 horas" - A.R. Rahman
- "A rede social" - Trent Reznor e Atticus Ross [VENCEU]
Melhor canção original
- "Coming home", de "Country Strong"
- "I see the light", de "Enrolados"
- "If I rise", de "127 horas"
- "We belong together", de "Toy Story 3" [VENCEU]
Melhor curta-metragem
- "The confession"
- "The crush"
- "God of love" [VENCEU]
- "Na wewe"
- "Wish 143"
Melhor curta-metragem de animação
- "Day & night"
- "The gruffalo"
- "Let's pollute"
- "The lost thing" [VENCEU]
- "Madagascar, carnet de voyage"
Melhor edição de som
- "A origem" [VENCEU]
- "Toy Story 3"
- "Tron: o legado"
- "Bravura indômita"
- "Incontrolável"
Melhor mixagem de som
- "A origem" [VENCEU]
- "O discurso do rei"
- "Salt"
- "A rede social"
- "Bravura indômita"
Melhores efeitos visuais
- "Alice no País das Maravilhas"
- Harry Potter e as relíquias da morte - Parte 1"
- "Além da vida"
- "A origem" [VENCEU]
- "O Homem de Ferro 2"
Melhor maquiagem
- "Minha versão para o amor"
- "Caminho da liberdade"
- "O lobisomem" [VENCEU]
Sonhos para Vestir
É única a dança que Sara Antunes faz com as palavras. A sensata delicadeza, já irresistível em outros trabalhos da atriz/dramaturga, aqui toma força por causa da emoção do tema. Toques extremamente pessoais homenageiam a figura de quem parece ter sido um grande homem, seu pai. Sara é a guia desta peça sublime, contagiante e interativa. Aqui você permeia durante todo o espetáculo, volta na infância, ri de si próprio, reflete sobre seu lugar no mundo. É um aconchego filosófico gracioso. A direção de Vera Holtz faz com que o texto não se perca e rume em direção a um desfecho onde o cenário da artista plástica Analu Prestes faz toda a diferença. Aqui nasce uma diva da arte, sorte de quem a acompanha.
Casa de Cultura Laura Alvin.
Até 28 de março de 2011.
Quintas e Sextas: 21h
Teatro Poeira.
Até 27 de fevereiro de 2011.
Qui./Sex./Sab.: 21h – Dom. 18h
Enrique Diaz já é uma marca no teatro nacional e internacional. Dono do melhor espetáculo da década (Ensaio.Hamlet – revista BRAVO), a sua direção metalingüística é reconhecida em todo o mundo. Em uma de suas mais incisivas e bem construídas montagens, coloca Fernando Eiras e Emílio de Mello duelando em um verdadeiro curso intensivo de teatro. Interpretando mais de dez personagens em três planos dramáticos, os atores lidam com perdas e angústias superadas pela paixão pela arte. É um metateatro magistral, com uma luz divina que faz com que nossa cabeça entre em ferveção total tentando acompanhar um texto rico e interpretado grandiosamente por dois grandes da cena teatral. Vencedora de dezenas de prêmios, a peça fala por si só. Obrigatória para amantes da arte.
Teatro Maria Clara Machado.
Até 27 de março de 2011.
Qui./Sex/Sáb.: 21h – Dom.: 20h
Conhecendo a filmografia de Darren Aronofsky, nota-se que sua paixão pela obsessão, seja ela pelas drogas (Requiém Para um Sonho), pela razão (π) ou mesmo pelo amor (Fonte da Vida), é o calor propulsor para jornadas homéricas e objetivas em busca de um lugar comum entre o desejo e a satisfação. Em Cisne Negro o agente propulsor é o mesmo, aqui enquadrado na perfeição. Aronofsky, em sua própria fixação, cria a sua verdadeira fera, perdida entre a delicadeza e a beleza de um meio onde ser impecável já não basta, e a ousadia se torna a grande chave para o sucesso.
A fera chama-se Nina, interpretada gloriosamente pela israelense Natalie Portman, que constrói uma bailarina correta e exigente consigo mesma. A perfeição e a exatidão são irrefutáveis. Seus gestos são delicados, certeiros, líricos, assim como devem ser os de uma bailarina. Nina, então, ganha o que parece ser um sonho: o duplo papel do cisne branco e negro em uma nova adaptação de “O Lago dos Cisnes” – Tchaikovsky.
Nina é uma exímia bailarina para interpretar o Cisne Branco. Suave como deve ser uma dama, correta na dança, delicada e sutil no sorriso. Entretanto, o papel é duplo, e a bailarina precisa encontrar em si mesmo a convicção certeira do despudor, da maldade irônica de uma verdadeira cisne negra. A desfragmentação psicológica vivida pela personagem em busca desta característica que falta, é crescente e cruel. Com a chegada da novata Lily (Mila Kunis), as coisas só pioram, já que a ousadia e a rebeldia – além do talento – são os sobrenomes desta garota, uma visível cisne negra. Com isso, o desespero emerge em Nina e a possessão por conseguir a perfeição do personagem torna tudo extremamente drástico.
Aronofsky é capaz de sugar os mais puros sentimentos, sejam eles bons ou ruins de seus personagens, sempre muito bem aproveitados. Em Cisne Negro, Natalie é rodeada por estrelas que brilham a cada cena. Seja com uma mãe (Barbara Hershey) que luta com a inveja e frustração de sua filha ser o que ela nunca pode ser. Ou de um talentoso diretor de artes (Vincent Cassel), que tenta, de todas as formas, injetar um pouco de desejo, de volúpia, de maldade na frígida Nina. Sem esquecer também da grata surpresa proporcionada pela personagem de Wynona Rider, Beth, uma bailarina de sucesso substituída pela idade e pelos excessos, responsável pelo esclarecimento de que não existe perfeição, apenas cobranças. Frisa-se também a excelente atuação de Mila Kunis, dona do personagem Lily, que em todos os momentos serve, grandiosamente, como respaldo adverso ao personagem de Portman. Lily protagoniza cenas surreais com uma química eloquente. Portman se apóia com força em Kunis, e isso é arrepiante e ao mesmo tempo delicioso de se ver.
A montagem arrebatadora de Andrew Weisblum faz com que nossos corações palpitem de acordo com o andamento do espetáculo O Lago dos Cisnes. Desde o encantador prólogo, com um jogo de câmeras que dança junto à uma Natalie honestíssima com o ballet, até a virada surreal para o ato dois, trabalhados aqui em comunhão a um Aronofsky totalmente ciente do que se passa com uma juventude transviada – ou não – deste atual século.
A fotografia e a sonoplastia surrealistas remetem à um David Lynch coeso, e são responsáveis pelas mazelas psíquicas da personagem, com seu psicológico afetado pela pressão e a vontade sedenta de ser grande.
Mais uma vez, o americano Darren Aronofsky expõe que obsessões não são garantias de sucesso. Com um final magistral, ele entrega que a perfeição é tão impossível de se conseguir quanto à vida eterna. Estudioso ávido destes novos seres-humanos, o diretor entrega outra obra-prima, assim como todas de sua filmografia. As dezenas de prêmios conquistados apenas reforçam a formação de outro clássico. Natalie está no papel de sua carreira. A atuação de Mila Kunis é a prova do surgimento de uma grande estrela. E Wynona Rider afirma que ainda pode brilhar muito. Estes pequenos detalhes fazem com que Cisne Negro feche com chave de ouro a era cinematográfica da última década. É aguardar e torcer para que a arte sempre prevaleça, e que possamos sempre contar com talentosos objetos, como este, um privilégio.
NOTA: 10,0