quinta-feira, 27 de março de 2008

A grave doença chamada Saúde Pública Brasileira.

O ano de 2007 colocou em foco a má administração presente no setor da saúde no Brasil. Manchetes mostravam o mau atendimento nos hospitais capixabas, a péssima infra-estrutura nos centros médicos fluminenses, além de outras situações que começavam a surgir de forma surpresa (ou não) em vários cantos de nosso país.

No segundo semestre do mesmo ano, fomos surpreendidos com vários casos de Febre Amarela, de um tipo diferente e que estava matando rapidamente. A mobilização foi grande e falha, mas deu pra controlar e até o final de dezembro não houve mais do que 13 mortes. E não pense que a doença já foi banida não, porque ainda há casos surgindo.

Lembro-me das incansáveis tentativas do Ministro da Saúde, José Gomes Temporão, de tranqüilizar a população, com dizeres de que não havia hipótese de uma epidemia. Ele falava e mais uma pessoa morria, era algo, assim, catastrófico.

Agora a concentração está em cima dos diversos casos de dengue no estado do Rio de Janeiro. Novamente há o tranqüilizante de que não há motivo para alarde, pois não haverá uma epidemia. Mas infelizmente todos os dias novos casos da doença estão surgindo e a saúde pública de estados - como o do Rio de Janeiro - não está preparada para a grande demanda de casos com a doença.

Decerto que no período – comparado a 2007 -, o índice de casos é menor, mas não é baixo. Segundo relatos oficiais do governo, foram investidos 685 milhões de reais no combate a dengue e mesmo com tamanho capital investido, são dezenas de milhares de infectados. O que acontece? Incabível dizer. Mas há algo errado. As denúncias das más condições nos hospitais cariocas, pelo visto, não tiveram baque algum sobre o governo do estado. As más condições, o superlotamento e a falta de obras ainda são características destes ambientes. Pessoas morrem sem atendimento, não há vagas, falta remédios, falta profissionais, falta instrumentos... e o povo, como que fica na história? Tendo doenças graves para se preocupar e poucos recursos para pagar um hospital decente e comprar remédios sem ter perigo de serem barrados pela falta dos mesmos.

A saúde e a educação neste país precisam urgentemente serem observadas e trabalhadas. É preocupante a calamidade que tudo se transformou.e a passividade com que todos recebem isso. Aqui no Brasil tudo funciona a base de um grande motivo. Estão esperando acontecer uma grande tragédia para que a imprensa internacional caia em peso em cima, para que assim se comesse a fazer algo. A OMS já colocou dados alarmantes sobre a Febre Amarela e sobre a situação da Dengue no país. Já divulgou também que o Brasil não está preparado para receber uma epidemia, seja qual for o tipo. Enquanto isso estão de braços cruzados e dizendo ao povo brasileiro que investiram milhões aqui e ali e que não precisamos ficar preocupados. Francamente.

segunda-feira, 17 de março de 2008

Across the Universe, 2007


A aposta de cineastas em voltar a produzir longas baseados em musicais da Broadway, com o fascínio dos palcos transformado em exuberantes obras cinematográficas – como HairSpray, Dreamgirls e Chicago -, fez com que a decepcionante e previsível indústria de filmes americanos se reinventasse e fizesse do gênero musical mais mastigável à todas as camadas populares, o que é louvável. Mais louvável ainda é quando somos presenteados com bons musicais e com identidade própria. Esse é o caso de Across the Universe, dirigido pela competente Julie Taymor (Frida) e que tinha todos os elementos para se tornar um clássico, mas que escorrega feio na desordem do roteiro e na má edição final.

[SINOPSE] Uma história de amor num cenário ambientado na década de 60 em meio aos anos turbulentos de protesto contra a guerra, exploração da mente e rock 'n roll, o filme vai das docas de Liverpool ao universo criativo e psicodélico de Greenwich Village, das ruas tomadas pelos protestos em Detroit aos campos de morte do Vietnã. Os artistas namorados Jude (Jim Sturgess) e Lucy (Evan Rachel Wood), na companhia de um pequeno grupo de amigos e músicos, são atraídos pelos movimentos contrários à guerra e da contracultura que surgiam, com o “Dr. Robert” (Bono) e “Mr. Kite” (Eddie Izzard) como seus guias. Forças turbulentas fora do controle deles acabam separando os dois jovens, obrigando Jude e Lucy – contra todas as adversidades – a encontrarem um jeito de voltar um para o outro.

O interessante de Across the Universe, é a utilização certeira de certas músicas dos Beatles, que se encaixam perfeitamente em dados momentos e faz com que o filme tenha um sabor especial e nostálgico à nós fans da banda de Liverpool. Taymor se revela não apenas uma beatlhemaníaca como também uma brilhante conhecedora dos maus tempos que cercaram a população americana durante a Guerra do Vietnã, com destaque à profunda e sincera visão aos jovens da época. Por ser ambientado com um elenco jovem e com uma linguagem um tanto indie, o filme tem a sorte de ser inovador no sentido da plenitude do amor adolescente. As confusões interioranas, a preocupação com o meio, o desejo revolucionário e a vontade de fazer tudo dar certo (na vida e no amor), faz de Across the Universe um retrato fiel e histórico da juventude sessentista.

A escolha dos atores de certa forma foi notável. Julie, aliás, tem essa característica em potencial. Escolher um elenco digno e competente e que não traz tantos holofotes pessoais ao longa. Jim Sturgess e Ewan R. Wood são sinceros nas palavras e nas trocas de olhares, e sabem trabalhar em um romance – acreditem, por mais fácil que seja, atualmente é raro ver competência nesse gênero. O mais no elenco do filme fica por conta da talentosa Dana Fuchs, que aparece bem pouco mas se destaca. Felizmente não há falhas com atuações, e nem pudera ter, já que a diretora se confundiu em peso e grau com as constantes aparições/sumidas de personagens. O exagero prevaleceu nesse sentido e fez com que o longa se transformasse em uma promissora história sem nexo. A utilização de personagens como Prudence (que pelo visto só foi posta no filme devido à música de mesmo nome dos Beatles), que aparecem-somem-aparecem novamente sem explicação cabível alguma, é frustrante e decepcionante. Outro exemplo foi Bono Vox aparecendo por dez minutos e sem mais é retirado de cena de forma instantânea e inexplicável.

O filme conta com um jogo de câmeras bem feito e com uma fotografia incrível. Utilizar momentos de psicodelia, além de sublime, seria de grande acerto no longa. As imagens são fantásticas e isso é incontestável. Entretanto, sabendo que este recurso é no mínimo fascinante aos telespectadores, Julie novamente exagera na dose e deixa no filme takes que poderiam ser descartados pela falta de ligação com o filme. O trabalho de edição parece ter sido corrido a ponto de deixar cenas desnecessárias à visão de cinéfilos atentos.

Outro “possível” erro, foi a utilização das dezenas de músicas dos Beatles sem cortes. Decerto que é um musical, mas o proveito poderia ser inexplicavelmente maior caso houvesse um engenheiro de som competente na maravilhosa trilha. Isso fez com que Across the Universe se tornasse um filme demasiado longo e que foge ao estereotipo de popular - o que não é uma qualidade.

Julie Taymor tinha todos os ingredientes para fazer de Across de Universe o melhor filme de 2007, entretanto erra a mão e nem ao menos faz do longa-metragem um musical cinematográfico competente e maravilhoso – que é como ele deveria ser no mínimo. Across the Universe nem de longe passa despercebido, é um filme carismático, inteligente e competente, imperdível até, mas incomoda com tantos erros visíveis vindo de uma grandiosa diretora que jogou um possível trabalho extraordinário no acaso do comum.

Nota: 8.5

Dica do Post:
Acometido pela vasta (e brilhante) obra de Ella Flitzgerald e Nina Simone, me perdi um pouco no gênero que mais me identifico: o bom e velho rock. Quase que deixo de ouvir um dos discos mais bem feitos de 2008 até agora:
Accelerate - R.E.M. (4estrelasde5)
A banda (imortal por Losing My Religion), extrapola suas barreiras e inova a carreira com este fabuloso disco. O melhor deles nesta nova década. O R.E.M. volta a suas raízes e nos presenteia com o velho e ótimo power/rock/pop que tanto brilhou em sua carreira na década de 90. E não pensem vocês que escutarão um som já passado e enjoativo, o interessante de Accelerate é a facilidade com que o som funciona no decorrer do álbum, partindo de um prisma antigo - por assim dizer-, e chegando aos dias atuais, com uma baixo e uma guitarra enfurecida. Quase inacreditável!

domingo, 16 de março de 2008

O açougue de ossos da moda.

A experiência de participar de um desfile de moda para muitos parece ser algo incrivelmente fabuloso, já que conviver com o glamour e o brilho parece ser sinônimos de algum tipo de felicidade. Alerto-lhes que não é para tanto.

A inveja é visceral nos olhos de todos ao redor. A felicidade parece estar perdida entre a disputa e a cobrança. Ah, a cobrança... Antes fosse uma característica ideal a qualquer tipo de trabalho, mas é um tipo de cobrança cruel, aquela que inventa sobre seu corpo, que te denigre diante vários, que te coloca para baixo com apenas poucos segundos de palavras.

Ao participar de um evento como esses, assistimos de camarote como que é o desprezo pelo corpo saudável, a busca pelo perfeito – sem limites -, e a intenso disputa pela venda fútil.

Lógico que não são apenas lamentações e decepções, mas certo que são muitos espinhos para uma rosa só. Não se iludam.


Dica do Post:
A dica vai ser simples e rápida, pois de tão exuberante e impressionante não é preciso ter informações e nem mais nada. Entretanto, sinto informar que por aqui não rolará downloads, pois as obras dessa cantora são vastas demais e é impossível escolher uma.
Enfim, terminando com o estridente suspense, clamo que conheçam a diva Ella Fitzgerald.
Com uma voz poderosamente sublime e uma presença que deixa qualquer nervo saltitante, Ella é fenomenal cantando Jazz, Soul, Blues..... é dificil descrever. Posterior à Billie Holliday e anterior à Amy Winehouse, Ella
Fitzgerald está no pódio das melhores intérpretes que já existiram. Conheci-a há pouco tempo e simplesmente não consigo ouvir mais nada no momento. É fabulosa demais.

quarta-feira, 12 de março de 2008

A perda total dos valores paternos

Já a algum tempo, venho reparando que o divino senso de proteção de pai/mãe ao filho começou a se desgastar, sendo essa mais uma conseqüência da atribulada vida moderna que nos cerca. Uma das notícias mais polêmicas que circulam atualmente é a do estudante João Victor Portellinha de Oliveira, de 8 anos, que foi classificado no vestibular de Direito na Universidade Paulista (Unip). Lógico que é notável a inteligência do garoto, mas o menino deseja estudar no curso o mais rápido o possível, mesmo estando na 5º série do ensino fundamental. A Unip já se manifestou dizendo que é complicado e que não permitirá, já que – segundo a universidade- o garoto prestou o vestibular na condição de treineiro (em que apenas alunos que não terminaram o ensino médio podem fazer, sem poder estudar na universidade, caso passem) e que por isso ele não poderá cursar o almejado curso. A ironia, é que a universidade (que esta sendo investigada pelo MEC por isso) cobrou a taxa de matrícula do garoto e barrou o menino e o pai no 1º “dia de aula” de João Victor.

Enfim, o que resta discutir é a insistência dos pais em matricular a criança, de 8 anos, em uma universidade. Tudo bem, o garoto tem potencial para passar na prova, é esforçado e alimenta um sonho louvável (ser juiz), mas calma lá, é uma criança. Coloca o garoto na rua para estourar a lapa do dedo jogando bola, ou ralar o joelho brincando de algum pique. Se não gosta do filho na rua, faça isso com ele em casa: jogue videogame, convide amigos, o garoto tem 8 anos! Acho cabalmente ridícula a atitude destes pais. Reconheço que os tempos não são como antes (ao qual tive sorte de crescer nele), mas para tudo se dá um jeito. A infância é a melhor época de nossas vidas, isso é relevantemente indiscutível, e acho de pura canalhice tirarem isto de um moleque. E olha que nem estamos falando das milhares de crianças pedintes que nos cortam o coração todo santo dia nas ruas deste Brasil; estamos falando de uma criança que tem o mundo em suas mãos – e por culpa dos pais – pode perder o supra-sumo da vida. É eloqüentemente gritante minha revolta ao ver uma situação dessas. E o pior que todos estão achando lindo... ê Brasil....

Dica do Post:
Os novos álbuns do Portishead e do CSS já estão na net. O Portishead nos presenteia com “Third”, um segmento fabuloso que traz uma pegava sinistramente eletrônica e suave, fugindo, assim, dos parâmetros que levaram a banda ao reconhecimento mundial, e nem por isso pecaram no disco. Fabuloso!
PORTISHEAD - THIRD *4estrelasde5*
Para quem achou que 2007 foi o ano dos brazucas do Cansei de Ser Sexy, 2008 promete muito mais. O novo disco, “Donkey”, segundo do CSS, vem com uma produção mais redonda e mais bem trabalhada. O humor demente e as batidas chocantes ainda continuam lá, com certa intensidade LSD. Além de estarem com um cd não-descartável chegando no mercado, o CSS cada vez mais se torna popular. O video "Music is My Hot Hot Sex" ("Ele é fodão, mas eu sei que também sou"), é o mais visto do site YouTube. O inacreditável número (até a publicação deste post) de 104.955.922 rendeu ao grupo matérias em todo o mundo.
Então é isso. Enjoy!!!

quarta-feira, 5 de março de 2008

De volta ao Circo Latino

Desta vez extrapolou. Chegamos ao fundo do poço. Muitos se perguntam o porquê de eu utilizar a primeira pessoa do plural, mas todos nós fazemos parte de qualquer desgraça que aconteça nesta América Latina. A última foi sermos surpreendidos com Chávez pedindo ao povo um minuto de silêncio pela morte de um dos lideres terroristas (repito: terrorista) das FARCs. Quando pensávamos que estávamos a ver a cena mais bizarra do ano, eis que surge o esquecível presidente do Equador, Rafael Correa, que sobe no picadeiro e declara um total descontentamento com o governo da Colômbia, pois positivo ou não, assassinaram o terrorista em terras equatorianas, e isso é um absurdo, ora pois!

Aproveitando da brecha aberta por Correa, o canastrão Hugo Chávez já se posiciona à frente da imprensa e fecha a embaixada venezuelana na Colômbia, atitude seguida (ou copiada?) pelo presidente do Equador. Entre troca de farpas e ações militares a lá WAR, Evo Moralez e Lula são buscados para tentar mediar o que poderia se tornar um conflito.

O medo de uma guerra explodir em nosso continente – apesar de inevitável - sem dúvida é viajante. Primeiro que um dos lados da corda é tida pela Colômbia e seu presidente sem pulso firme Álvaro Uribe, que não tardou muito já pediu desculpas ao Equador – mesmo tendo como apoio os EUA. E outra, os reais conflitantes são Colômbia e Equador, Chávez mais uma vez se meteu intruso, assim como o governo norte-americano. Usaram de dois países fracos para mais uma vez brincarem de policia e ladrão, em que papeis são indefinidos neste jogo.

Brasil e Bolívia foram convidados a intermediar o suposto conflito. Ambos países possuem registros na imprensa de possíveis negociações com os guerrilheiros das FARCs, e devido o medo disso voltar a tona (no Brasil houve a especulação, infelizmente na mesma época do escândalo do mensalão) acabaram por ficar como mediadores do conflito.

Pelo visto, até agora esta tudo resolvido. O presidente do Equador aceitou os pedidos de desculpas de Uribe, que também assumiu que foi um erro invadir terras alheias. Chávez se colocou inconformado, o que nem de longe é relevante.

Enquanto isso, ficamos assistindo ao possível fim do showzinho circense montado para que o mundo veja que em matéria de administração e ética, a América Latina em si precisa se desenvolver muito para que possa começar a amadurecer política e economicamente.


Dica do Post:
Aos que puderem (quem dera eu), assistam aos show do grande músico Bob Dylan, sem dúvida alguma uma das mais influentes figuras na música internacional de todos os tempos.
Turnê no Brasil:
Quarta-feira (05/03) - São Paulo
Quinta-feira (06/03) - São Paulo
Sábado (08/03) - Rio de Janeiro