Vigorexia: Mais uma conseqüência da ditadura da beleza (ou ditadura da morte?).

Em meio a uma sociedade em que se prega o absoluto consumismo e o narcisismo parece ser o espelho da nova geração, surgem mais doenças causadas por distúrbios psicológicos voltados ao extremo culto ao corpo. Em 2006, tais doenças, como a anorexia e a bulimia, foram bastante debatidas pela mídia, em conseqüência de tragédias como a da modelo Ana C. Reston. O exasperado desejo de se chegar ao corpo perfeito não se volta a apenas essas doenças.

A obsessão por exercícios em academias junto à uma rigorosa dieta, são fortes características da Vigorexia. Infelizmente, o assunto não é tão debatido na mídia (provavelmente esperam a morte de mais um famoso, para que comecem.), mas é mais sério do que se possa imaginar. Para se ter uma idéia, em casos de suicídios, a maior parte das vítimas são vigoréxicos (nos EUA, estimados mais de um milhão – dados 1999), e caso não morram pelo suicídio, as altas doses de anabolizantes e de suplementos tomados pelos portadores dessa doença, acabam por levá-los ao trágico fim. A vigorexia –assim como a anorexia -, tem caráter psicológico, o que faz com que a pessoa se torne dependente da própria imagem, ou seja, reluta-se em aceitar a sua condição física, mesmo que essa esteja acima do recomendável.

Infelizmente, essas doenças são mais um retrato do que o frívolo meio artístico impõe no quesito do que é saudável e belo. Mesmo o culto ao corpo (propriamente dito) tendo começado no início do séc. XX (lembram-se dos espartilhos e dos primeiros biquínis?), foi a partir da década de 90 que se começou a idolatrar a magreza. Figuras como a modelo Claudia Schiffer, foram idolatradas durante anos pelo belo corpo magro, sendo uma das precursoras deste tipo de ditadura da moda. Mesmo não tendo sido muito falada, a vigorexia, atingiu diversas celebridades como a atriz Jane Fonda e a cantora Tina Turner. Aliás, os norte-americanos e os europeus, estão no topo dos habitantes com maior número de vigorexicos no mundo.

Assim, temos mais um retrato do que um padrão de beleza pode fazer. Soluções são ditas aos montes, entretanto é bem raro ver um cartaz da americana Victoria Secret´s ou da brasileira Colcci contendo um corpo feminino com mais de 60 kg, assim como também é bem difícil assistir a um filme de pancadaria com um ator sem músculos à mostra.

A ditadura da beleza pendura em nossa sociedade, e por mais que tentamos nos opor, na maioria das vezes uma bela modelo, junto à um bom jogo de marketing, nos fazem levar o produto preterido. Somos consumistas, isso é fato, mas devemos nos controlar e evitar os exageros. Assim como disse um bom amigo meu: “a diferença entre o remédio e o veneno é a dose!”.