segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

Os 10 melhores álbuns de 2010

Em um ano favorável à musica, somos presenteados com clássicos (Arcade Fire), com novidades sonoras (These New Puritans) e re-nascimento de verdadeiras divas (Sharon Jones). A música eletrônica nunca esteve tão em voga como atualmente. Gênios da tecnologia (LCD Soundsystem) comandam picapes como orquestras e constroem verdadeiras obras primas psicodélicas (Caribou). O pop têm se mostrado detentor de qualidades supremas, com profissionalismo e criatividade (Linkin Park), fazendo até com que artistas insuportaveis (Kanye West) alcancem um ótimo lugar ao sol. Assim, aqui nesta lista a experiência (The Nationals) encontra à novidade (Villagers), e a música triste deixa de ser triste (Beach House). Enfim, 2010 foi ótimo. Aqui faltam muitas coisas, mas estamos falando de números, estes são, pessoalmente, os dez melhores discos de 2010. Aproveitem!


The Suburbs - Arcade Fire

Por um momento em 2010 o mundo parou para ouvir o aguardado terceiro álbum dos fabulosos canadenses do Arcade Fire. Donos de dois álbuns, considerados clássicos da última década, a opera band movimentou a internet durante umas boas semanas. E o resultado não poderia ser outro: mais uma genialidade. A banda entrega um álbum conceitual, sobre as mazelas e a felicidade obrigatória de um subúrbio. Como em uma novela, contos/poemas narram trajetórias, tudo isso sob um instrumental arrepiante, incrível como sempre. O Arcade Fire evidencia um som mais maduro, mais pesado, com todos os elementos que os colocaram como preferidos de público e crítica. Difícil escolher, dentre tantas, as melhores faixas. Temos em “Ready to Start” a sabedoria da construção de um excelente indie rock song. Em “Rococo” um hino crescente e doloroso, guiado por um Win Butler extremamente consciente e seguro de si. Em “Sprawl (Flatland)”, Butler chora um doloroso poema que será seguido por uma explosão psicodélica. Logo, quase fechando, somos presenteados com a melhor faixa do ano, “Sprawl II (Mountains Beyond the Mountains)” uma canção delirante, lisérgica, que visita e homenageia um passado setentista, dando um sentido maior à construção desta canção regida com maestria por Régine Chassagne. Por isso, hoje, os canadenses do Arcade Fire são os maiores do mundo. Se vão arcar com as conseqüências disso, só o tempo dirá, o importante agora é desfrutar da grandiosidade desta discografia impressionante.



2.My Beautiful Dark Twisted Fantasy - Kanye West

Infelizmente Kanye West, novamente, fez um dos melhores álbuns do ano. Digo infelizmente porque West é um dos maiores canastrões que o mundo da música já teve o desprazer de conhecer. Rancores à parte, falar do egocentrismo exagerado de Kanye é redundância já, mas falar de sua genialidade também anda sendo. Os últimos três álbuns do rapper não possuem outro elogio a não ser excelente. Nada abaixo disso. Sempre se reinventando, aqui, West visita diversos ritmos e os incorpora no seu rap àcido, semelhante à sua verdadeira pessoa. Reggae, eletro, R&B, new pop, rock progressive são auras musicais rodeadas pelo rap, narrando e jorrando palavras sobre assuntos indeterminados como AIDS, fama, Prada, política americana e, é claro, seu ego inflado. Em seu auge egocêntrico ele manda “se Deus tivesse um Ipod, eu estaria em seu playlist”. Kanye West possivelmente produziu o melhor álbum de sua carreira até agora, é um odiado que temos que amar e respeitar. A criatividade e a coesão são características irrefutáveis de seus trabalhos. Prata na lista, e infelizmente, merecidamente.




3.Hidden - These New Puritans

Raramente, mas as vezes, ser rebuscado é agradável. Os ingleses do These New Puritans, apesar da pouca idade, sofreram algumas injustas acusações, como “pseudo-intelectuais pós-punk”, dentre outras do tipo. Não é um som acessível, nem um pouco, mas a propriedade intelectual do grupo é enorme e muito visível. Em Hidden isso fica evidente. As soturnas canções expõe uma banda preocupada com o mínimo detalhe, maduros apesar da pouca idade, e com um conhecimento acerca de instrumentos, música erudita e eletrônica gigantescos. As construções são quase perfeitas. Sujas, mas com uma delicadeza impressionante. O pós punk é mesmo presente em todo o disco, e o desespero juvenil também. Daqui extraímos verdadeiras obras-primas como “Attack Music” e “We Want War”, um verdadeiro hino clamando guerra contra a guerra. Hidden é uma descoberta primorosa sobre a união do orgânico, do eletrônico e do erudito. Um tapa na cara aos que subestimaram estes garotos ingleses que apenas estão começando.


4.High Violet - The National

O histórico dos canadenses do The Nationals e recheado de acusações contra a sua solidez como grupo, no sentido de saber o que quer, objetividade. Em High Violet, enfim, encontram um meio termo. Indecisos sobre o alternativo e o mainstream, neste álbum o equilíbrio prevalece. Instrumentalmente quase conceitual, a magnífica voz de Matt Berninger rouba a cena durante todas as musicas, não desmerecendo o excelente trabalho dos instrumentistas. É um disco profundo, ao extremo, sobre amores e dores envolvidos pelo indie rock/blues e toques folk. Com hinos sentimentais grandiosos, a magnificência é nítida na primeira audição. Clássico!

5.This is Happening - LCD Soundsystem

James Murphy é um gênio. Começamos por aí. O cara à frente do LCD Sounsystem colocou o que pode ser a união musical perfeita do futuro com exatidão e entregou, em 2007, um dos melhores – se não o melhor – álbuns da década (Sound of Silver). Em 2010 anunciou o fim do LCD, e como despedida This is Happening veio como uma bofetada. Como se não bastasse a ligação harmonicamente perfeita entre a música eletrônica e o rock, Murphy visita outros elementos musicais orgânicos e eletrônicos. O progressive e o blues aparecem como influências nítidas. As letras são pura ironias, sejam elas rindo de garotas bêbadas ou comentando sobre os abusos de gravadoras. Caso seja mesmo o fim, o LCD Soundsystem construiu um legado primoroso na música, e fará falta. Torcer para que o mestre inquieto, James Maurphy, nos surpreenda em breve com alguma ousadia capaz de balançar nosso mundo, novamente.



6.Becoming a Jackal - Villagers

Os irlandeses do Villagers caso resolvessem seguir à emotividade exaltada, oriunda da música de seu país, seriam apenas mais um cubo de gelo meio a uma geleira. Fugindo disso, Connor O’Brian – e banda - adota um folk ensolarado em sua estréia, Becoming a Jackal, visitam rock stars como Doves, Coldplay e Silverchair e constroem um coeso e significativo álbum. Apesar do trabalho técnico e instrumental caloroso, contrastando com sua origem, as letras não o negam. A emoção subliminar se mistura à uma sombria e soturna onda de mistérios, sobre relacionamentos e vida pessoal. A maioria das músicas é dividida em atos, crescentes, que funcionam como explosões em ouvidos atentos a este álbum redondo, e o toque do folclore irlandês nos instrumentos como orgãos, codas finas e piano, fazem deste um disco excepcional e único, para se ter guardado e lembrado para sempre.

7.I Learned The Hard Way - Sharon Jones & The Dap Kings

Sharon Jones já conseguiu um pedacinho da fama na década de 70, mas foi esquecida. Para sustentar o que sempre amou - cantar - trabalhou como carcereira e segurança. Em 2010, o grupo The Dap Kings (grupo que acompanha Amy Winehouse) a convida para gravar um álbum. A junção da forte, estridente e incrível voz de Jones junto ao profissionalismo e experiência do funk do The Dap Kings faz deste uma das melhores parcerias surgidas nos últimos tempos, do tipo a fazer a senhora Winehouse pedir desculpas eternas à esta grande e verdadeira diva. É um álbum sessentista feito em 2010. Perdoa-se o som muito limpo, sem aqueles grandes abusos negros e incríveis. O resultado final é forte. Soul literal, cabal. Não há o que se discutir, só agradecer a volta de Sharon Jones.



8.Teen Dream - Beach House

Estranhamente fofo, o duo Beach House acerta em cheio ao adotar um som mais orgânico, mais cru e nítido do que seus trabalhos anteriores. A bela voz de Victoria Legrand flui como uma seda ao vento no instrumental vasto e competente dos outros integrantes. A bateria mais evidente também é um ponto super positivo. Inclassificável. Não é um cowntry indie acústico, nem um dream pop e muito menos um folk, apesar de navegar claramente por estes estilos. É um disco californiano, ensolarado, surfer, porém muito preciso. Para se ouvir nas mais deliciosas ocasiões.

9. Swim - Caribou

Daniel Snaith, o canadense por trás do Caribou, enfim acertou. Se antes insistia na viagem pela psicodelia rebuscada, em Swim encontrou um mar aberto e acessível a todos. Por aqui, adota-se uma coesão precisa, com canções muito mais eletrônicas do que orgânicas – acerto louvável deste instrumentista – sem perder a sua paixão pelo psicodelismo. O álbum é uma viagem, para muito longe. Faz com que flutuemos e acerta em ser eficaz tanto nos ipods como nas pistas. “Sun” talvez seja a melhor mostra disso. É redonda, perspicaz e até o fim transcende, porém mantendo corpos no chão. É a lei da gravidade brigando pela liberdade extrema.

10. A Thousand Suns - Linkin Park

Conscientemente, este álbum não figuraria entre os dez mais do ano. No entanto, acompanhando a trajetória desta banda, como verdadeiro fã, seria muito desleal não cometer esta afronta. Difulsores de um nu-metal mainstream, os Linkin Park alcançaram fama mundial com hits fáceis, inteligentes e pegajosos. Venderam milhões de discos, ganharam prêmios e hoje são uma das mais bem sucedidas bandas de rock da história. Com A Thousand Suns, a banda busca se reinventar sem perder o brilho e a marca de outrora. Ainda existem o bom rap do Mike Shinoda, a versatilidade vocal, de berros à agudos, de Chester Bennington continua roubando a cena, e agora, mais do que nunca, a investida em picapes eletrônicas se tornou crucial para a construção deste álbum. Os Linkin Park vagueiam pelo pop experimental, pelo hard rock, pelo nu-metal e fecham o disco com um acústico – erro. A maturidade é visível nos recursos usados, nas experimentações e nas letras bem escritas. Tristemente ainda é muito popular, comercial, mas mostra que no futuro pode vir um álbum histórico, profissional e inesquecível. Esta valendo a pena esperar.

1 comentários:

O Antagonista disse...

Cara, tem coisa aí que não conheço... vou procurar agora um por um... Suas dicas são ouro!

Valeu.