segunda-feira, 12 de outubro de 2009

A louvação pelo desprezível

Dizem que toda forma de arte deve ser respeitada, isso sem dúvida, cada qual com o seu devido gosto. Mas o que dizer sobre a atual circunstancia em que se encontra a cultura musical brasileira aos olhos do povo?

O Brasil, aos olhos dos estrangeiros, sempre foi visto com um país de pouca qualidade musical, com certa e respeitável qualidade em canções de Bossa Nova e de sambas com apelo tropicalista, como foi o caso da aclamação mundial à Tom Jobim e ao Gilberto Gil, por exemplo, respectivamente um dos principais nomes dos ritmos citados. Até o final de década de 80, priorizava-se no país uma cultura com maior apelo crítico, visto os duros momentos pelo qual a sociedade brasileira da época sofria.

Mas infelizmente, a partir da década de 90, o turbilhão de músicas descartáveis pareceu tomar a cabeça do brasileiro, que se rendeu a apenas ver na arte uma forma de diversão, sem se lembrar que a cultura é um magnífico meio para divulgarmos aquilo que realmente nos importuna no país. Lógico que não tenho nada contra as bandas de axé ou as de funk, cada um faz seu trabalho dignamente, o meu objetivo é dizer que o senso crítico do brasileiro vem se deteriorando a cada dia, e o espelho dos sucessos musicais aqui no país nos aponta claramente isso.

Ressalto também que não digo que a safra cultural brasileira atual é de péssima qualidade, na verdade, estamos produzindo artistas de calibre internacional, com ótimos álbuns e que nada perde para o que vem de fora. Porem, esse tipo de mercado musical não sai do ostracismo, salvo raras exceções.

Decerto que este não é um problema exclusivamente brasileiro, já que culturas como a argentina e a norte-americana também parecem vangloriar a falta de criatividade e o ritmo esdrúxulo, mas isso é imutável. Talvez seja um comentário preconceituoso, e o que se diz ser de qualidade para uns, é porcaria para outros. Na verdade, cultura musical, pelo visto, é a identidade de cada um. É que nem religião e futebol, não podem ser discutidos. Músicas são feitas para serem prazerosas e totalmente de caráter pessoal.

Por isso, o melhor a se fazer é ser original e curtir o que mais lhe chama atenção. Críticas são apenas opiniões pessoais comercializadas pela mídia. Como dito anteriormente, isso é algo imutável. A adoração pelo o que é desprezível está intrínseca em um povo, que apenas busca a singularidade e a simplicidade de músicas para fugir das complicações da vida.

Dica do Post:

A Onda (Welle, Die – Alemanha, 2008), filme em cartaz nos melhores cinemas alternativos do país, possui a consistência de um bom drama e ainda levanta questionamentos escondidos por uma sociedade com um passado triste, como a alemã.

Sinopse: Rainer Wegner, professor de ensino médio, deve ensinar seus alunos sobre autocracia. Devido ao desinteresse deles, propõe um experimento que explique na prática os mecanismos do fascismo e do poder. Wegner se denomina o líder daquele grupo, escolhe o lema “força pela disciplina” e dá ao movimento o nome de A Onda. Em pouco tempo, os alunos começam a propagar o poder da unidade e ameaçar os outros. Quando o jogo fica sério, Wegner decide interrompê-lo. Mas é tarde demais, e A Onda já saiu de seu controle. Baseado em uma história real ocorrida na Califórnia em 1967.

O filme cutuca uma ferida não cicatrizada da Alemanha, mas também aponta a responsabilidade de controlar em nós mesmo a figura fascista que se esconde em nosso âmago sentimental. Fabuloso!

Nota: 10,0

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