domingo, 30 de setembro de 2007

O ponto de saturação da mídia


Mesmo ainda tendo a mente no ócio, sem criatividade alguma, é lendo o último post do blog do Fernando Teixeira, que um assunto ao qual já desejo falar há algum tempo vem a tona.

Qual o principal papel da mídia? Levar informação à todos, sem se importar com quem quer que seja, não é? Mas e quando a informação levada, de tão divulgada, se torna chatamente repetitiva, e na maioria das vezes, não tem utilidade de conhecimento alguma? É isso o que, diariamente, acontece com a atual imprensa. E não falo exclusivamente da brasileira, pois nos países europeus e americanos, a enxurrada de notícias fúteis, não é raridade.

Acessando sites como G1, UOL, BBC ou CNN, há qualquer hora do dia, alguma notícia sobre o caso da menina Maddeleine estará como manchete. E assim tem sido há 150 dias, desde maio. Não que a notícia não seja importante – ao contrário, ajudou muito a alertar sobre desaparecimentos de crianças no mundo inteiro-, mas quantas crianças somem diariamente em todo mundo?? Porque doa-se milhões de euros para ajudar na procura da menina, ao invés de doar para institutos responsáveis pela ação? O caso da pequena Maddie, de tão divulgado, chegou a um ponto de saturação, que ninguém agüenta mais ouvir falar.

Outro caso que a imprensa insiste em nos reportar todo dia, é quando se trata da pobre Britney Spears. É só a moça tossir que vira capa de revista ou de tablóides. É incrível. Apesar de tudo ruim que ela anda fazendo, ainda continua como a maior popstar da Terra, e tudo isso por causa da imprensa.

São apenas alguns exemplos perto de tantos que nos bombardeiam diariamente. Assuntos como crises na nossa política são trocados pela dúvida de quem matou a vilã da novela. E isso, principalmente no Brasil, é de todo ruim. Falta de informação de qualidade, é um defeito bem grave em nosso país.

Infelizmente, não tem como acabar com as revistas e os tablóides de fofocas. A escolha vai de cada um. Viver com alienação ou não? Eis a questão...

sexta-feira, 28 de setembro de 2007

Quem são os macacos da história?

Em mais um corriqueiro momento de "branco", o amigo Marcos Moretto ilumina a mente deste bloggueiro com um video maravilhoso. Dedicado àqueles que acham animais seres inferiores à nós humanos. Àquelas pessoas, que vêem no ser humano, o ser mais perfeito desta Terra, capaz de realizar coisas "maravilhosas", que eles, pobres animais irracionais, não são "capazes" de fazer.
E é em meio a esse monte de aspas que os deixou se deliciarem com o excepcional Dancem Macacos, Dancem!

segunda-feira, 24 de setembro de 2007

Foo Fighters - Echoes, Silence, Patience and Grace (2007)



Uma das poucas bandas que ainda optam por fazer um rock original e de qualidade no mundo, lança nesta semana – nos EUA- o mais novíssimo trabalho de inéditas, intitulado Echoes, Silence, Patience and Grace (foto2). Para quem ainda não captou, a banda em questão são os excelentes Foo Fighters, banda formada pelo competente e multi-músico Dave Grohl, que luta (merecidamente) para fugir da sombra de excelente baterista grunge – fardo que carrega consigo visto o sucesso de sua primeira banda, a Nirvana.

O Foo Fighters sempre foi sinônimo de qualidade. Mesmo já tendo um álbum na discografia oficial, o sucesso veio a galope com o lançamento do fabuloso The Colours and the Shape, até hoje a obra-prima da banda. O álbum trouxe canções que ficaram imortalizadas na história da música, como é o caso da magnífica Everlong e da fortíssima My Hero. Com o estrondoso sucesso do segundo álbum, a expectativa pelo terceiro não podia ser menor. Eis que é lançado o ótimo There's Nothing Left to Lose, que mesmo após dois anos de trabalho, passou a impressão de ter sido feito rapidamente, sendo que isso não é uma crítica, pois o álbum traz canções memoráveis, como é o caso de Breakout e Learn To Fly. Tendo uma demora de uns 3 anos, a banda nos presenteia com o diferente - mas bom -, One by One, mais maduro mas não tão criativo álbum, que arrebenta caixas de som com a espetacular All My Life e a grudante Overdrive. Com mais 3 anos de espera, o Foo Fighters surpreende fans e críticos com In Your Honor, um fabuloso álbum duplo, dividido entre um cd em que impera o rock´n roll e outro com músicas acústicas de gosto duvidoso. A faixa-título e Best of You são as sensacionais do álbum. E para quem achava que a banda ainda não estava satisfeita com o álbum acústico vindo do IYH, em 2006 é lançado Skin and Bones, um cd+dvd que traz uma performance acústica da banda, com um Dave Grohl maduro até demais, mas sem perder a inteligência que já é marca registrada da banda americana.

Caramba!, quantos trabalhos em tão pouco tempo. Mas não acabou. O Foo Fighters volta a ativa rapidamente e lança nesta semana o diferente mais muito bom álbum de inéditas Echoes, Silence, Patience and Grace. O álbum, já devidamente vazado na internet, traz um som bem mais cru do que conhecemos realmente da banda. Digamos um som mais leve, em que mostra que o Foo Fighters está mudando de acordo com o tempo, buscando uma nova identidade. Aos mais maldosos, fica a idéia de que a idade vem chegando, mas é cruel demais se tratando deles. O primeiro single, que também abre o cd, cria uma certa nostalgia com o velho/recente Foo Fighters, explodindo em gritos e fúria em uma letra meio triste. A faixa em questão se chama The Pretender, e já tem clipe rodando em tudo quanto é lugar. Mas não se enganem, o álbum tem mais das músicas com o forte Foo Fighters intrínseco, mas o que é relevante falar, são os novos arranjos, bem mais suaves e deliciosos de se ouvir, como é o caso de Home e Stranger Things Have Happened, que são um achado no álbum. Statues também se destaca entre as outras. São baladinhas incomuns, não mainstream, que traz ou um piano, ou um montante de cordas, ou uma guitarra acústica...e por aí vai.

Echoes, Silence, Patience and Grace serviu para mostrar um novo Foo Fighters. Uma banda que quer se renovar, mas anda meio perdida em seu projeto. As influências que tem cercado Dave musicalmente são realmente boas, e pela inteligência do front-man, um fabuloso sucessor do segundo álbum pode estar por vir. Agora se a banda tentou fazer o que o Queens of the Stone Age fez com o Era Vulgaris, infelizmente passaram longe de conseguir tal êxito. ESPG não fica no pódio de qualidade da banda, mas é verdadeiramente bom, e mais uma vez o Foo Fighters se destaca em qualidade diante bandas que surgem a cada ano.

.4 estrelas em 5.

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quarta-feira, 19 de setembro de 2007

Quando a fé cega nos comove

Em números estatísticos, o Brasil ocupa pódios quando se trata de números de fiéis católicos e evangélicos em relação ao mundo. Estamos falando de milhões de seguidores brasileiros, que usam a religião como uma certa fuga da triste realidade de nosso mundo. E isso não é uma crítica maldosa. Cada religião tem uma suma importância na vida de cada um de seus seguidores. São responsáveis pela preservação de características essenciais para se viver em harmonia em nossa atual sociedade, como a união, o respeito ao próximo entre tantos outros. Entretanto, é necessário dizer que o vasto surgimento de diferentes tipos de igrejas, tem transformado tal “necessidade” em negócio, o que vem prejudicando uma porção de pessoas, que ficam cegas diante promessas alógicas e que apenas tomam de forma covarde o pobre e suado dinheiro, obtido por meio de tanto sacrifício.

Em uma periferia de Vitória (ES), há um prédio enorme sob uma igreja chamado de Comunidade Tabernáculo Vitória. No edifício há centenas de quitinetes, onde apenas freqüentadores da igreja moram. Para que se tenha direito a morar nestes apartamentos, a pessoa deve doar Todos (!!!) os seus bens, para cobrir os gastos que a igreja tem, e continuar assim até o fim de sua vida - caso continue morando lá. Além disso, é proibido dar entrevistas e comprar bens próprios – todo dinheiro deve mesmo ser repassado à igreja. Encomendas como gás, remédios entre outras coisas, são compradas de dentro das casas, e as entregas devem ser feitas na portaria, vistoriadas e depois levadas aos seus devidos donos. A igreja é administrada pelo “pastor” Inereu Vieira Lopes, que possui uma Ranger e um Pólo (perdão, errata: o Pólo é do filho dele...). O operário e ex-morador/freqüentador do Tabernáculo, Aídson Dantas, questionou o pasto do porquê de apenas ele poder ter certos bens. Um mês depois se viu divorciado de sua esposa e fora da comunidade. Alguma ligação? Talvez, mas hoje Aídson é proibido até de visitar e falar com os filhos.

A principal ideologia de vida da comunidade, é aguardar a volta do salvador (Jesus) à Terra– que segundo eles, está próxima. Tal dia é chamado como Dia da Salvação.

É difícil criticarmos sem condenar, mas chega a ser uma afronta à dignidade humana tal ideologia religiosa. Se aproveitar de pessoas sem grau de instrução e atormentadas por suas vidas miseráveis é algo no mínimo cretino. Segundo o “pastor” a comunidade existe desde 1985 e tem todos os documentos certos diante à justiça, a disposição de fiscalização do Ministério Público. Mas, segundo o presidente da Associação de Pastores Evangélicos da Grande Vitória, pastor Enoque de Castro, nem o pastor Inereu nem a comunidade Tabernáculo pertencem à associação.

Mas já que estão a disposição do Ministério Público, porquê não investigar? Foi assim que o lado obscuro da igreja Renascer veio à tona. Além do mais, não sei se é possível, poderia-se colocar a disposição destes fiéis, pessoas instruídas a ajudá-las a procurar um “caminho” melhor para suas vidas. Um caminho em que a recompensa de tanto sacrifício diário não seja em prol de uma história montada para cegar pessoas inocentes, aproveitadores de miséria alheia.

terça-feira, 18 de setembro de 2007

O fim da inocência juvenil

Uma das manchetes do site G1 hoje:Modelo de 12 anos ganha concurso e provoca polêmica na Austrália”, a notícia se referia ao caso da modelo Maddison Gabriel, que foi escolhida como um dos destaques de um evento de moda badaladíssimo no mundo – o Gold Coast Fashion Week-, mesmo tendo apenas 12 anos. O caso gerou uma grande polêmica na Austrália após o primeiro-ministro John Howard criticar assiduamente a liberação da família e do comitê de moda, para que Maddison participasse. Segundo ele, o tipo de evento não deveria ter a participação de “crianças” e condenou a atitude dos pais em não proteger seus filhos. Howard defende a proibição de meninas menores de 16 anos em eventos de moda. Em contrapartida, os pais e a própria Maddison se defenderam, alegando que não tem nada demais participar destes eventos e que apenas trabalho. Segundo a mãe da jovem modelo, é a realização de um sonho e acha injusta a crítica do primeiro-ministro. Assim, coloca-se em cheque: há alguma idade para se trabalhar no showbizz? É recomendável jovens assumirem grandes responsabilidade com tão pouca idade?

A resposta é que há casos e casos. O histórico de jovens astros que caíram em decadência e se abstiveram de drogas e escândalos ridículos é imenso, e toda hora é lembrado em tablóides e jornais. Pegando exemplos, temos a da recente Lindsey Lohan, uma das musas adolescentes dos últimos anos. Lohan passou por diversas situações desagradáveis, envolvendo drogas e sexo, que de uma forma geral, influência seus seguidores e admiradores, o que é no mínimo cruel. Além da atriz, temos inúmeros outros casos, que nem é necessário comentar.

Mas nem tudo é desastre neste mundo. No caso de modelos, principalmente as atuais, são raros os exemplos de escândalos envolvendo-as. Principalmente as de sucesso.

Assim, como disse, são casos e casos. É certo que o mundo de glamour, seja ele da moda ou do showbizz, traz coisas bem ruins para qualquer adolescente que convive nele. Tudo está ao seu alcance. Eles tem dinheiro, bebidas, drogas, tudo ao seu alcance. Não concordo em proibir meninas de participar de desfiles pela idade. Acho que deve ter uma maior fiscalização quanto a saúde e o quanto de trabalho que vão dando de acordo com a juventude da pessoa. Não é necessário sufocar uma jovem que tem de trabalhar e estudar. Pode-se pegar bem mais leve. E fazer com que todas elas tenham uma mente formada, mais madura do que a idade permite, para que não caiam nas tentações que enfrentarão pela frente, e que pode acabar com uma carreira em um piscar de olhos.

FOTO: Vanessa Hudgens, uma das protagonistas do sucesso teen High Scool Musical, onde interpreta a doce Gabriella, que nas últimas semanas teve fotos intímas suas divulgadas na internet, em que aparecia nua e fazendo poses sensuais, com apenas 18 anos. A divulgação das fotos colocou a carreira de Vanessa em cheque.

quinta-feira, 13 de setembro de 2007

O fabuloso espetáculo circense no senado brasileiros

Respeitável público, a cortina do grande espetáculo circense nacional se abre diante nós e o mundo. Hoje, 12 de setembro de 2007, confirmou-se o que a grande maioria já sabia: políticos no Brasil – em sua grande maioria-, tem no povo brasileiro a figura de grandes palhaços; palhaços passivos que irão aceitar qualquer injustiça que se cometa em uma sala de um congresso ou de um senado. Injustiça cometida, ora pois, por senhores que nós mesmos colocamos no poder. Mas até quando conviveremos com essa palhaçada?

Já há alguns meses, acompanhamos o desastroso caso do presidente do senado Renan Calheiros [foto2(PMDB-AL)]. Há cada mês, há cada dia víamos uma acusação e uma história diferente, combatida por explicações tão cheias de lapsos que soavam mais como um atentado à inteligência de nosso povo do que como prestações de contas. De lobistas passando por vacas e laranjas (até a Playboy entrou na história) e chegando em uma duvidosa empreitada em uma empresa de comunicação (e de refrigerantes...), o caso chegou a um patamar que gargalhadas foram o mínimo a se fazer quando o senador se dizia inocente. Tudo bem, “inocente até que se prove o contrário”- apesar de que não sei se essa máxima ainda vale para nosso país. O ponto crítico, é que apesar das diversas acusações contra o senador, nada o tirava do posto da presidência do senado, e entre frases alegando inocência e risinhos debochados para os jornalistas, quem pagava o papel de otário da história eram nós, o povo brasileiro, legalmente incapaz de fazermos algo enquanto cada pilastra do circo se montava diante nossos olhos.

Na última semana, aos que acompanham a política brasileira, a expectativa pela justiça a nosso favor cresceu ao ser anunciado a votação para que se possa iniciar o processo de cassação contra Renan Calheiros. A expectativa de ver a justiça ser feita dessa vez – lembrando do mensalão...-, fez com que todos se voltassem ao dia de hoje. Até acontecimentos históricos, como o 11 de setembro (que veio junto à mais um aterrorizante vídeo do Bin Laden), passaram despercebidos aos olhos e mentes dos brasileiros. Mas infelizmente, a maioria dos políticos do país não mudou, continuam ignorando a sabedoria da população.

Com 40 votos contra 35, Renan Calheiros foi absolvido das acusações lhe deferidas hoje. Foram 81 votos, somando mais 6 covardes, que não puderam expor seu voto visto o medo que estavam com as ameaças ocultas de nosso senador-chefe, que pelo visto parece esconder muitos podres daquele senado.

O que é mais é constrangedor, é que com uma crise grave como a que o senado brasileiro está passando, a pergunta que paira no ar é: Onde está nosso presidente??

Com recepções calorosas, passeios em carruagens reais e discursos sobre etanol (que é importante, mas crise em um país tem prioridade concordam?), a mais nova viagem do presidente Lula, dessa vez na Suécia, mostra mais uma vez o despreparo do presidente diante assuntos que também são de sua responsabilidade - e que ele faz parecer não ser. Por pura ironia, com Lula afastado de nosso país e tendo o vice sob o comando do Brasil, o cargo indicado para assumir a presidencia caso aconteça algo com nosso vice, é o de chefe do senado, ou seja, Renan está há apenas "uma pessoa" para se tornar presidente provisório da nação brasileira. Para piorar, jornais de todo mundo estão divulgando o miserável retrato do que anda acontecendo por aqui e colocando Renan Calheiros como aliado de Lula (o que de certa forma não é uma mentira), como é o caso do “La Nación” – jornal Argentino.

“Vitória da Democracia”. Palavras proferidas por Renan Calheiros pós absolvição. Talvez a tão bela palavra “Democracia” tenha outro significado no dicionário dos brasileiros. Significado não tão bom, mas que – pelo que bem entender deles (os corruptos) -, nos acostumaremos ao cutuar, e assim faremos como o filho de Calheiros: comemoraremos a absolvição com uma bela festa regada a muitos fogos, e assim, voltaremos aos nossos futebols e novelas, neste espetáculo a lá pão e circo chamado Brasil.

OBS: Infelizmente em um post como este a "generalização" é inevitável. Mesmo tendo àqueles 46 senadores assinado a responsabilidade de culpa naquele senado e ter manchado perante o povo a reputação geral da classe, é prudente que se diga que nem todos são assim, ao menos por enquanto. É com grande satisfação que parabenizo ao senador capixaba Renato Casagrande (PSB/ES) pela prudência e competência como relator do processo contra o Renan C. É sempre satisfatório quando percebemos que nosso voto tem poder sim e que nem todos os políticos são iguais.

sábado, 8 de setembro de 2007

O filme mais brasileiro do século: Tropa de Elite – Discussão

Além de tocar em assuntos que atingem sem dó nem piedade diversas camadas de nossa sociedade – mais ainda a população fluminense-, o filme de José Padilha foi vítima de um crime que muitos de nós cometemos, mas fazemos sem pensar nas conseqüências, que é a pirataria. Assim, discussões são inevitáveis, e Tropa de Elite vem causando rebuliços e opiniões diferenciadas em cada canto do país, o que é incrível em um país como o Brasil.

Discussão 1: O Caso de Polícia.

A questão da pirataria, ainda mais neste caso, deixa evidente que é um crime com força em nosso país, e não é feita por pessoas em particular. O que temos nesse mercado, é sim uma máfia - ou um crime organizado, se preferirem. A prova é tida nos indícios de que o técnico de edições teria vendido o longa por 5 mil reais, montante bem superior a renda de um grupo de camelôs para se pagar em um filme. A investida desse grupo deu certo. Tropa de Elite é o filme mais procurado nas ruas das cidades e já é encontrado até em locadoras, que colocam o filme para locação. Infelizmente, não se têm muitas alternativas para se combater a pirataria. Em um país onde o preço de um dvd original, não sai por menos de 40 reais, chega a ser um absurdo criticar aquele trabalhador que ganha por volta de 3 salários mínimos e tem uma família para sustentar, quando esse compra o mesmo dvd de R$ 40 por R$5. Além disso, hoje em dia, pensa-se duas vezes em pagar 15 reais em um ingresso de cinema enquanto já se tem o filme desejado por R$5 no camelô mais próximo. Assim, com uma economia arcaica como a nossa, e uma organização poderosa como é a da pirataria – junto também com o nosso famoso “jeitinho brasileiro”-, é um problema difícil de se solucionar. Além de tempo, é necessário mudar muitas coisas que afetariam economia e sociedade de uma forma avassaladora, e sabemos como isso já é o bastante para que não façam nada para resolver tal problema.

Discussão 2: O Filme.

Manchete da parte cultural de um importante jornal capixaba: “‘Tropa de Elite’ está na mira da polícia”. Segundo relata a reportagem, um grupo de 23 policiais militares vai pedir a suspensão do filme nos cinemas brasileiros, alegando que o filme fere a imagem da Polícia e do BOPE - Batalhão de Operações Policiais Especiais. Ok, mas vamos com calma. O filme do José Padilha em momento algum faz referencias maldosas a nenhuma das partes. No que condiz ao BOPE, é até o contrário. O BOPE mostrado no longa, é o sonho de policiais que deveriam estar nas ruas nos defendendo. Com uma competência fabulosa mostrada e um lado digno de ovação, o BOPE em nenhum momento é manchado por mentiras durante a trama. Agora em relação à Policía Militar e Civil, é diferente, mas não injusto. O filme mostra apenas um lado que sabemos que existe mas não acusamos por falta de provas. Vendas de armas para traficantes, corrupção dentro do posto policial, participações em esquemas de jogos e prostituição, entre outros delitos que não eram para ser cometidos por àqueles em que devíamos confiar. Entretanto, Tropa de Elite também mostra os motivos que levam esses policiais a “entrarem” neste mundo. Exemplificando o salário baixo (o policial iniciante no Rio de Janeiro é o que menos ganha em todo o país) e as más condições em que o oficial é submetido ao trabalhar. Focalizando no sistema que acomete aos policiais do Rio de Janeiro, surpresas horríveis são apontadas nas estatísticas, o que nos fazem ficar perplexos com a bola de neve da problemática, e que requer urgência na resolução. Comparando com São Paulo, além do salário inicial ridículo (em São Paulo o valor do montante é de R$1240), o índice de resolução de problemas – que em SP é de 70 %-, no Rio não passa de 2%, o que é um absurdo. Além disso, o número de produtividade da policia fluminense caiu 31.7% só este ano. É um retrato triste, mas que está escancarado e ninguém toma uma providência adequada para reverter o quadro. Como vêem, não tem fundamento a alegação da Policia Militar em barrar o filme. Seria até estupidez eles fazerem isso.

Discussão 3: Censura.

Além da reivindicação dos PM´s quanto as cenas do filme, algumas autoridades concordam com a exibição do longa nos cinemas contanto que tirem certas partes, como a dos playboys sendo mortos e carbonizados. Isso é o mais ridículo. Em pleno século XXI sermos obrigados a nos deparar com tamanha bobagem. Se for assim, é melhor que a versão pirata continue rodando por aí.

Enfim, Tropa de Elite, como foi dito no post/crítica, deveria ser obrigatório a todos os brasileiros. Não é apenas um estupendo filme, mas a realidade mostrada é aquele que vem fazendo com que o Rio de Janeiro se assemelhe à campos de conflito no Iraque. É um grito às autoridades, para que olhem para o sistema que acomete às policias e tomem providencias: aumento de salário, equipamentos eficientes (porque o dos bandidos é mil vezes superior aos usados pelos policiais), direitos impostos, entre tantos outros podres que não dão mais para piorar. A violência no Brasil – com destaque ao da cidade maravilhosa-, consome o poder de nosso povo diante o mundo. Encobre aquilo que temos de bom para mostrar aos estrangeiros e atrapalha e muito o desenvolvimento do nosso país. Já é tarde para se começar a fazer algo.

quinta-feira, 6 de setembro de 2007

O Filme mais brasileiro do século: Tropa de Elite – Crítica

Para muitos o título pode soar mais como uma audácia da minha parte, mas para um filme que foi assaltado pelos figurantes durante as filmagens, teve uma cópia furtada e comercializada ilegalmente antes do lançamento nos cinemas (previsto para 11/2007) e trata de um forte assunto abafado pelas autoridades, a referencia do título chega até a ser pouca.


[SINOPSE] Baseado no livro Elite da Tropa, este filme retrata o dia-a-dia do grupo de policiais e de um capitão do BOPE no ano de 1997 que quer sair da corporação e tentará encontrar um substituto para seu posto. Paralelamente a isso, há a história de dois amigos de infância que se tornam policiais e que se destacam por sua honestidade e honra. Eles ficam indignados com a corrupção no batalhão em que atuam.

Começando com um funk pesadão e seguido da música tema do filme - cantada pelos Tihuanas-, Tropa de Elite já mostra uma trilha sonora com maior afinidade com a história, com um excelente repertório, daqueles que aumentam a tensão durante a cena. Além disso, o som é muito adequado e prima por qualidade.

A direção de José Padilha foi excelente. Bons acertos nas câmeras, nas locações, no elenco. Muito bom mesmo. Padilha também assina a produção, junto ao Marcos Padro, e juntos fazem um excelente trabalho. Com alguns defeitos – apesar de que o diretor garantiu que essa versão não é a oficial-, mas que até passam despercebíveis aos nossos olhos.

O roteiro é um dos pontos altos do filme – se não for "o". Muitos o comparam à Cidade de Deus, mas na verdade, é o oposto do filme. Enquanto o fabuloso filme do Fernando Meirelles faz uma fiel retratação ao mundo do tráfico nas favelas brasileiras, Tropa de Elite mostra justamente o outro lado da história, o dos policiais e do BOPE – Batalhão de Operações Policiais Especiais. Com uma dupla história de drama mascarada pela violência, o roteiro prima em ser redondo e original, mesmo sendo baseado em um livro: Elite da Tropa.

O elenco é excelente e não decepciona em nenhum caso. Lógico, há os que se destacam. Wagner Moura brilha como o Capitão Nascimento, que enfrenta um forte drama no final de sua carreira e tem de ser forte e deixar as emoções de lado. Além disso, Moura também é responsável pela narração do filme, e o faz muito bem. Com esse papel e com sua atuação na presente novela (Paraíso Tropical), Wagner Moura fica no pódio de um dos melhores atores do Brasil. André Ramiro e Caio Junqueira também se dão bem na trama. Como uns dos protagonistas, cumprem com eficácia o papel, com destaque a atuação do Ramiro. Outra revelação é a atriz Fernanda Machado, que assim como na sua atual novela(Paraíso Tropical), se destaca em papel de importância mediana e assim, rouba a cena em suas aparições.

Por todos esses motivos, Tropa de Elite merece sim o título de melhor filme do século. Claro, se Cidade de Deus tivesse sido assaltado e vendido clandestinamente antes de ir pros cinemas, ocuparia este cargo, mas como isso não aconteceu, Tropa de Elite ganha esse espaço. Não é um filme para quem tem estômago fraco, mas é um filme capaz de mudar a opinião de muita gente. Deveria ser obrigatório todos os brasileiros assistirem, principalmente àqueles que nos governam. Tropa de Elite é um cru retrato de uma realidade abafada por todos nós.

NOTA: 10.0

LUTO POR UMA VOZ EM PESSOA, QUE POR ANOS TROUXE EMOÇÃO E AMOR AOS NOSSOS CORAÇÕES: LUCIANO PAVAROTTI . VOLTE A CANTAR COM OS ANJOS.

domingo, 2 de setembro de 2007

Selvagens

















Na última reportagem do programa Globo Repórter, exibido pela Rede Globo, a fundadora de uma casa de abrigo para onças, tocou em um assunto peculiar, que se tratando da relação homem X animal, é mais comum do que possamos imaginar. Ao ser perguntada sobre a preocupação em se manter onças sobre cuidados próprios ao invés de crianças carentes, a resposta foi clara e objetiva: "Eu conheço muita gente que está cuidando bem de criança. Todos os que cuidam uns dos outros estão fazendo aquilo que é possível. Eu escolhi os felinos porque não tinha ninguém mexendo com eles. Foi uma questão de opção. Mas, se um dia eu tiver que cuidar de uma criança, não vou me omitir. Nós somos parte de tudo isso. Para mim, é como se tudo tivesse uma alma só. O que eu não quero para esse animal é o que eu não quero para mim", conclui.

E no que condiz às nossas obrigações como seres humanos, ela está absolutamente certa. Aos que não concordam, pense que o mundo não é feito apenas de humanos e que apenas nossa espécie é tida como “racional” - termo esse que nem sei se ainda merece ser usado para nos definir.

Tanto se condenou as matanças de tigres na África pela pele ou de baleias no Japão por causa do óleo e atualmente, exemplos nojentos de maus tratos estão por toda parte, e passando despercebido por muitos. Ainda mais aqui no Brasil, onde o tráfico de animais raros é bem comum, e que já levou algumas espécies de nossa fauna à extinção e colocou outras em uma extensa lista de ameaças. Além disso, há o problema dos circos, que estão mais para freak shows do que para espetáculos maravilhosos. Nada contra os circos - arte circense é uma maravilha -, mas a situação com a qual os animais são tratados (sem querer generalizar, mas já generalizando), é acima do cruel. Mesmo tendo suas exceções, a louvável atitude dos estados Rio de Janeiro e Pernambuco – que proibiram circos com animais-, deve ser obrigatória em todos os estados brasileiros. É sim uma atitude radical, mas é a possível solução para o problema de maus tratos e abandonos nas estradas deste Brasil afora.

Além disso, mudar a legislação referente à crimes ambientais, é algo a ser feito o mais rápido o possível, já que as leis aplicadas a esses tipos de crimes são muito brandas e quando não o são, possuem tantas cláusulas que o bandido fica sossegado ao ser condenado.

Este é um problema de cada um de nós. Pensar em ajudar estes animais somente em casos extremos é puro egoísmo. São pedaços do ciclo de vida ao qual fazemos parte. Atualmente os papéis estão trocados... Não dá para saber quem são os selvagens da história. Mas isso podemos mudar, e seria bom que começássemos desde já, antes que cantos e rugidos não possam ser mais ouvidos naturalmente.