domingo, 28 de janeiro de 2007

PAC: REVOLUÇÃO OU ILUSÃO?

Há uma semana, o presidente Lula, durante uma cerimônia em que debateria metas para seu mandato, lança o PAC (Plano de Aceleramento do Crescimento). Com um discurso forte, cheio de vislumbramentos de lucro, e uma confiança digna de esquerdistas, Lula causou um ofuror com a implantação do programa, dividindo opiniões sobre se esta seria a solução para fazermos do Brasil uma potência mais forte.

O PAC é dividido em cinco partes: medidas de infra-estrutura, estímulo ao crédito, desenvolvimento institucional, desoneração e medidas fiscais de longo prazo, sendo realizadas de forma gradativa, segundo o próprio presidente.

Em sumo, o programa é bom. No entanto, sabemos que diversos programas bons fizeram partes deste e de outros governos anteriores, tendo eles resultados infelizes. Por isso, não se deve julgar logo no começo. A promessa de se baixar os juros encantou muitos brasileiros de prontidão, que sofrem com uma das maiores taxas do mundo. Apesar de se esperar que isso ocorra o mais rápido o possível (e é provável que sim), o presidente já adiantou que o povo deve ter paciência, pois os juros não cairão rapidamente. Em recente reunião, Lula pediu apoio aos países mais ricos, além de um maior investimento estrangeiro com o capital de mercado, o que poderia fazer as exportações brasileiras subirem e as importações diminuírem, ação essencial para uma economia forte.

No quesito dos investimentos em infra-estrutura, Lula parece ter acertado em cheio, no que condiz as metas. Segundo o PAC, bilhões de reais serão disponibilizados para a construção de ferrovias, hidrovias, estradas, aeroportos, portos, entre outros do meio. Se o plano realmente for concluído, ao final de seu mandato, Lula entrará para a história, assim como Juscelino Kubitschek entrou pela construção de Brasília. Mas, o plano mesmo se contradiz. Lula deseja investir R$503, 9 bilhões, sendo que R$ 436 bilhões virão de investimentos de empresas estatais. Nestes quatro anos, com tal montante de investimento, e o apoio das empresas, o presidente prevê um crescimento de 4,5% em 2007, e 5% no decorrer dos anos. Isto sim parece ser a ilusão do PAC.

Em momento algum se foi mencionado a redução do superávit econômico. Tem-se de descartar a idéia de que o país precisa liquidar as dívidas públicas o mais rápido o possível. A Alemanha (3º maior potência mundial) ainda contém dívidas internas e externas de sua receita, mas não faz disso sua principal meta, e nem torna isso empecilho para que sua economia cresça, aliás é o contrário, visto que os programas governamentais alemães dão certo por base dos investimentos direcionados à apenas eles, tendo em seu superávit, um financiamento regular. No Brasil, há uma preocupação doentia em liquidar estas dívidas. Claro que não se pode deixar acumular, mas controle é essencial em uma política governamental.

Para que a economia cresça 5% ao ano no Brasil, com este programa, o presidente deveria, sobretudo diminuir o superávit primário e controlar os investimentos, que estão parecendo desordenados com o PAC. Repito: o programa é bom. O plano de baixar os juros e de investir em infra-estrutura são excelentes. Mas é preciso mais estudo em cima do projeto. O presidente tem de rever o PAC como um todo.

Deveria-se fazer um estudo maior no que condiz a facilitação de crédito para micros e pequenos empresários. A idéia é muito boa, mas um dos principais problemas da economia brasileira é a árdua burocracia que paira em nossa Legislação. Não se pode demorar tanto tempo para se abrir e se fechar uma empresa. Nos EUA, tal ação dura apenas horas, enquanto que no Brasil, passam-se meses e anos (no caso de querer se fechar). Aliás, este é um dos principais problemas que impedem uma economia mais “alavancada” no Brasil.

O PAC tem grande chance de funcionar. Mas por enquanto esta parecendo apenas uma faísca ilusória, que se mostra um trovão. Muito trabalho tem de ser feito. Alguns projetos podem sim já serem efetuados, para que resultados comecem a aparecer. Mas, a grande maioria das metas, precisa de um minucioso estudo. O PAC não é um trabalho de força apenas nacional. Para que se tenha um notável resultado, o presidente Lula deve pedir apoio internacional, mas não é de seus “amigos vizinhos do peito”, e sim de grandes potências, que estão sedentas por investimentos no país, mas não o fazem pela mancha negra que recobre a economia brasileira. Boa influência diante outras nações o presidente Lula tem (o mínimo também, depois de tantas viagens...), o que precisa agora é usa-la. Este é o melhor momento de se investir no Brasil. Realmente torço para que o PAC dê certo, mas por enquanto, não acredito que tal resultado será obtido sem o tão mencionado estudo em cima deste projeto, tão revolucionário mas também tão ilusionário....

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