quinta-feira, 25 de janeiro de 2007

BABEL (2006)

Lembram da Teoria do Caos no filme Efeito Borboleta? Pois é, Babel é a própria Teoria do Caos. Terceiro longa de uma trilogia guiada pelo esplendido diretor Alejandro González Iñárritu, que segue os mesmos parâmetros e efeitos usados em Amores Brutos e 21 Gramas.

[SINOPSE] A trama começa em Marrocos, onde dois irmãos recebem um rifle do pai e têm como missão caçar chacais para que estes não atinjam um rebanho da família. Em um ato impensado, os meninos decidem testar o alcance da arma, visto que o dono anterior da mesma disse que uma bala encontrada neste instrumento poderia cruzar até 3km. Enquanto isso, um ônibus repleto de turistas atravessa uma região montanhosa do Marrocos. Entre os passageiros, está o casal Richard (Brad Pitt) e Susan (Cate Blanchett). O inesperado acontece. O tiro dado pelos garotos acaba atingindo o ônibus, fazendo com que Susan seja baleada. Já nos Estados Unidos, está a babá Amelia (Adriana Barraza). Ela descobre que não poderá comparecer ao casamento de seu filho, visto que precisa cuidar de duas crianças. Após tentar achar uma solução para o caso, Amelia nota que o único jeito de comparecer ao matrimônio é levando as crianças consigo. Enquanto isso, no Japão, Chieko (Rinko Kikuchi) tenta lidar com os problemas da adolescência, acentuados pelo fato de ser surda-muda, pelo suicídio da sua mãe, pela falta de atenção de seu pai e pela sua solidão.

O simples fato do diretor usar histórias paralelas interligadas – assim como fez nos dois últimos filmes -, faz com que o filme não agrade a todos os tipos de público. Alejandro consegue fazer um filme fortemente dramático e que consegue passar essa dramatização por completo, sem cair em clichês e nem em monotonias, o que poderia fazer o filme se tornar incrivelmente chato. Aliás, é justamente o contrário. Iñárritu utiliza uma linguagem certeira no filme, e assim, prende o espectador até o fim. Mesmo sabendo que são quatro histórias diferentes, ficamos a espreita, querendo descobrir qual é a ligação entre os personagens.

A fotografia e a trilha sonora do filme são excelentes, além da escolha do diretor de utilizar as verdadeiras línguas dos personagens de acordo com a região em que vivem. O ponto máximo da direção e da produção no filme se dá com a personagem japonesa Chieko (Rinko Kikuchi), que utilizando o fato da menina ser surda/muda e ser adolescente, o diretor usa de artifícios com a câmera e com a sonoplastia que nos fazem entender e até sentir o que se passa com a jovem.

Iñárritu se tornou bem competente na escolha dos atores, só não soube aproveita-los bem. O filme tem três destaques: Brad Pitt (Richard), Rinko Kikuchi (Chieko) e Adriana Barraza (Amélia). Pitt fez (opinião), um dos melhores – se não for o melhor-, papel de sua carreira. O ator consegue realmente passar emoção e cumpri com maestria a forte dramatização que seu personagem pede. Kikuchi faz a jovem surda/muda perturbada pela morte da mãe e pelo fato de sua deficiência, que ela acredita ser uma imensa barreira em sua vida, impedindo até que ela se relacione com rapazes, por exemplo. A atriz japonesa - até então desconhecida-, se destaca na trama pela forte interpretação e, junto aos efeitos de câmera do diretor, nos ajuda a entender e a lamentar a vida da jovem Chieko. Barraza faz a babá imigrante ilegal que sofre nas mãos dos policiais americanos na fronteira, por ter levado os filhos do patrão escondidos . A atriz teve sorte, pois o diretor deu para ela um papel ao qual não caberia melhor em ninguém.

Esses são os destaques, mas todos os atores são bem competentes. Infelizmente, Iñárritu não soube aproveitar a presença de Gael García Bernal, que aparece ofuscado em meio ao filme, o que é um pena, pois o ator é excelente e poderia ser de um conteúdo surreal no filme. Parecido com o caso da atriz Cate Blanchett, que apesar de mostrar sua capacidade artística para personagens dramáticos, fica restrita a apenas um tipo de colocação, visto que sua personagem passa quase o filme todo deitada com uma bala no ombro.

Então é isso. O nome, Babel, nem é preciso citar o porquê, não é mesmo? Com certeza é um dos melhores filmes de 2006. Ganhador do Globo de Ouro por melhor filme, Babel é um dos favoritos ao Oscar, e realmente merece ser. Quem viu 21 gramas e não gostou pelo fato do filme ser confuso, pode assistir Babel, pois o diretor – apesar de usar os competentes truques de câmera, como em flashs, por exemplo-, faz de forma mais sucinta a montagem do roteiro. Este pode não ser o melhor da trilogia, e muito menos o melhor do ano, mas que é um ótimo filme e que merece ser visto no cinema, isto é indiscutível.

NOTA: 9.5

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